Zona de conforto
Todos aqui sabem que trabalho maioritariamente com autores em princípio de carreira e, por isso, com obras de estreia – e essa é uma situação delicada, porquanto, se estou a lançar para o mundo um autor perfeitamente desconhecido, só posso realmente contar com a minha opinião. Tenho a consciência de que, apesar de ser uma leitora experiente e conhecer relativamente bem o mercado, há sempre um lado subjectivo na selecção que faço; e, portanto, de cada vez que ponho um destes livros «na rua», sinto um calafrio e muito receio de não acertar. Este ano, porém, dois dos autores que publico pela primeira vez – Carlos Campaniço e Cristina Drios – fizeram-me uma boa surpresa que me coloca, à partida, numa zona de conforto. O primeiro, enquanto eu revia as provas do seu romance, ganhou com ele (chama-se Os Demónios de Álvaro Cobra) o Prémio Literário Cidade de Almada, que é para inéditos; a segunda, de quem eu lera há cerca de ano e meio um pequeno livro de contos intitulado Histórias Indianas (que achei muito bonito, mas muito difícil de comercializar, daí tê-la estimulado a escrever um romance), ganhou também com essa colectânea o prémio «Novo Autor, Primeiro Livro» do Teatro do Campo Alegre. Assim, sabendo que há efectivamente mais gente a concordar comigo quanto à excelência destes autores, acabo por me sentir mais segura de que, pelo menos nestas duas opções, fiz o que devia. Um dia destes, falarei obviamente com mais pormenor nos livros de ambos.