Sinais da crise
Os Top de vendas das livrarias nem sempre foram inteiramente honestos. Atenção: só estou a vender o peixe que me venderam a mim... Há muito tempo, um editor-livreiro que, infelizmente, já não está entre nós contou-me que, quando faziam muita fé em determinado livro e, por isso, compravam bastantes exemplares, se, na primeira semana, as expectativas se defraudavam, punham o título na lista dos mais vendidos e esse destaque levava, efectivamente, a que muitos leitores o adquirissem (o marketing avant la lettre). Hoje as coisas estão todas informatizadas e é impossível fabricar mentiras, pelo que são quase sempre os mesmos livros que encabeçam os Top das livrarias: novidades escaldantes, best-sellers internacionais, obras de gente famosa, os temas que, em cada momento, estão a dar, como se costuma dizer. E, no entanto, eis que os mais recentes Top de vendas divulgados nos jornais incluem títulos publicados há imenso tempo, muitos deles de autores que até têm livros editados já em 2013. Que aconteceu então? Fácil. Trata-se de restos de edição vendidos a dois e três euros, em bom estado e com miolo respeitável. Quem os não comprou a quinze ou dezassete, aproveita a época da pelintrice e leva para casa a garantia de umas horas bem passadas. Sinais da crise.