Generosidade
Estivemos privados ao longo de séculos de traduções de muitos clássicos gregos (e latinos) e só há relativamente pouco tempo pudemos dispor de um trabalho sério, rigoroso e, ainda por cima, belo das obras de Homero, que são donde vem toda a literatura ocidental. Considero de uma enorme generosidade que um autor de prosa e poesia que podia dedicar a vida às próprias obras – o dotado e reputado Frederico Lourenço – se tenha atirado de cabeça e coração à enormíssima tarefa de traduzir, entre outras coisas, A Ilíada e A Odisseia e de nos oferecer essas suas traduções competentes e luminosas. Provavelmente, se não fosse a sua mão milagrosa, eu nunca teria lido estes dois livros fundadores em língua portuguesa; e, embora um número respeitável de tradutores se tenha dedicado a Ovídio, Catulo, Séneca e muitos outros autores clássicos, a verdade é que poucos entre eles eram também escritores. Tenho um grande respeito por esta mão capaz de maravilhas e o post de hoje serve para lhe agradecer o acto generoso de partilha com os leitores portugueses, certamente mais ignorantes sem o seu trabalho.