O que ando a ler
Já disse certamente neste blogue que a estreia na ficção que me encheu realmente as medidas foi o romance de Paolo Giordano intitulado A Solidão dos Números Primos, de que fizeram em Itália um filme – que vi por acaso numa noite de Verão – absurdamente mau, sobretudo tendo em conta a excelência da obra em que se baseava. Paolo Giordano é físico – e, talvez por isso, a matemática cruzava esse livro belíssimo a partir do olhar de um dos protagonistas. Agora é a vez das Ciências da Vida visitarem o seu segundo romance. Intitulado O Corpo Humano, parece pensado para dar origem a uma longa-metragem do tipo de Platoon ou A Linha Vermelha. Nas suas páginas caminham militares de várias patentes, de personalidades marcantes, em direcção ao inferno do Afeganistão, onde tudo poderá realmente acontecer nos próximos seis meses. Entre eles, há um tenente deprimido que é o médico de serviço, um cabo jovem que ainda é virgem e um sargento-chefe que se prostitui com mulheres mais velhas e é, provavelmente, católico. Visitando os dramas pessoais destas e doutras personagens antes, durante e depois da permanência na base militar italiana (onde tudo realmente acontece), e aquilo que mudará para sempre no corpo e na mente de cada uma delas, esta obra é um pontapé no estômago que (masoquismo à parte) vale mesmo a pena levar.