A Colômbia gosta de ler
Há pouco tempo, realizou-se em Bogotá uma feira do livro que tinha Portugal como país convidado e por onde passaram quase meio milhão de pessoas (incluindo Cavaco Silva, que se esqueceu de mencionar Saramago no seu discurso, como se um Nobel – sobretudo quando não se tem senão um – fosse coisa de somenos). Os escritores e jornalistas portugueses convidados para o certame vinham, na sua maioria, muito agradavelmente surpreendidos com o interesse e a curiosidade dos colombianos pela literatura portuguesa, enchendo os auditórios, querendo ouvir falar a língua, comprando livros, encontrando-se pessoalmente com alguns autores. Lembro-me de que, nas Correntes d’Escritas, sempre que vinham autores colombianos, os seus discursos eram muito acima da média; e um deles contou-me que, na Colômbia, a retórica e a oratória fazem parte das disciplinas curriculares de muitos cursos, não podendo nunca um deputado ler um discurso no Parlamento. Mas o que eu não sabia é que este país considera os hábitos de leitura imprescindíveis e que o seu governo, quando entrega aos mais desfavorecidos habitações sociais, além do mobiliário indispensável oferece uma estante recheada de clássicos. Uma belíssima ideia, cá para mim.