Uma história a norte
Hoje, enquanto os extraordinários leitores do blogue estiverem a ler este post, já estarei muito longe do meu habitual gabinete de trabalho. Também há autores – e dos bons – longe da capital, e participarei ao fim da tarde num lançamento de um romance no Algarve. O escritor neste caso chama-se José Carlos Barros e, apesar de transmontano, é ali que vive e trabalha. O seu livro – Um Amigo para o Inverno – regressa, porém, às suas origens nortenhas e baseia-se numa história verdadeira que aconteceu ainda no tempo da ditadura. É, aliás, belíssima, como a escrita do autor, que lembra Torga aqui e ali e nos deixa de boca aberta a olhar as montanhas, os campos, as lareiras que ardem nas casas dos mais pobres. E fala de um sargento que, em 1971, é deixado pela mulher com quem vivia sem perceber porquê, na mesma altura em que é chamado a chefiar o posto da GNR numa Vila da qual nunca se diz o nome. À chegada, perceberá imediatamente que a sua presença vai ser disputada à direita e à esquerda – e esta esquerda é nada mais nada menos do que uma célula do Partido Comunista de que poucos ouviram dizer ter alguma vez existido no Norte. Um assassínio inesperado e a respectiva investigação irão, porém, ensinar-lhe muita coisa que se passou nos últimos quinze anos e pô-lo a par de algumas notícias que, curiosamente, se prendem com a sua própria vida sentimental e explicam o que recentemente lhe aconteceu. Um Amigo para o Inverno é mais um romance que chegou à final do Prémio LeYa e hoje será apresentado por Carlos Brito. Se estiver no Algarve, pode lá dar um saltinho.