Performance
Há uns dez anos fui a um festival de poesia numa pequena localidade do Sul de França. Era suposto recitarmos pelas esquinas, em parques onde os ouvintes se deitavam em cadeiras reclinadas ao sol, junto de lagos cristalinos acompanhados por músicos e sentados a mesas toscas colocadas no meio de belas paisagens. Foi bonito – e as participações eram, normalmente, discretas, mas recordo-me de uma poetisa francesa (o nome varreu-se-me) que tinha um vestido branco largo e transparente do qual pendiam rebuçados e croissants que ela desafiava o público a arrancar e comer durante a sua performance. Em Portugal, este tipo de actividade já tem uma competição: chama-se Poetry Slam e convida conhecidos e anónimos a dizerem num palco textos da sua autoria de uma forma artística. O espectáculo aconteceu recentemente num bar lisboeta e contou com a criatividade de muitos anónimos que, em três minutos apenas, tinham de mostrar o que valiam (como autores e intérpretes) perante um júri constituído por pessoas do público e também Pilar del Río, J. P. Simões e o jornalista Nuno Miguel Guedes. Os brasileiros, talvez por serem mais descontraídos, arrancaram boas pontuações e, ao que parece, grandes gargalhadas (dedicando-se, entre outras coisas, a fazer odes à vagina e a poetar sobre a flatulência), mas a vitória coube a um contador de histórias profissional (a experiência ainda conta nestas coisas). A sala esteve cheia e houve todo o tipo de performances. Fiquei com pena de não ter assistido, mas curiosa sobre este Poetry Slam. Para o ano há mais.