Pois bem, algumas mulheres que conheço – escritoras – defendem que os seus livros vendem menos porque os jornalistas e críticos literários só dão atenção aos livros dos seus confrades homens. No caso que hoje me traz aqui, nada podia ser mais falso, uma vez que o livro era de um homem – Robert Galbraith, para ser mais exacta – e, desde que saíra, no Reino Unido, vendera uns míseros 1500 exemplares (que, por lá, é quantidade ínfima, como sabemos). E isso não acontecera por ter passado despercebido: tinha recebido excelentes críticas o policial de capa chamativa com o título The Cuckoo’s Calling publicado pela editora Sphere, que se pensava ser de autor estreante e promissor. Contudo, no domingo 14 de Julho, o Sunday Times, que adora uma boa manchete, pôs a descoberto a verdadeira identidade do autor, revelando que se tratava nada mais, nada menos de uma obra da pena de J. K. Rowling, a celebrada inventora de Harry Potter. Em poucas horas, o romance já era um dos mais vendidos da Amazon… Talvez os ingleses não possam ser acusados de machismo, enfim.
4 comentários
Jocamartinho 24.07.2013
Cara Filipa
Sente o machismo na compra dos seus livros por parte dos leitores "machos"? E, caso o sinta, como é que chega ao seu conhecimento se são os livros comprados por homens ou mulheres? Creio que os seus livros, os que são publicados em inglês, possam conter o seu nome e apelidos, sem que alguns dos leitores ingleses se possam aperceber da diferença que há entre Filipe e Filipa. Se assim fosse, a Filipa assinaria com as iniciais - F.F. Silva - como diz ser apanágio dos escritores anglo-saxónicos.
Caro Joca, Sinto o preconceito, claro, em primeiro lugar, pelo pela percentagem de homens vs mulheres que me contactam (facebook, email, pessoalmente), sendo que é comum os homens escreverem coisas como "achava que era um livro cor-de-rosa e fiquei surpreendido por ter gostado tanto." Em segundo lugar, porque tenho mais do que um amigo que mo disse na cara - "não leio livros de mulheres, salvo raríssimas excepções". Quanto à versão inglesa dos meus livros, teria sido um opção inteligente assinar como F.F.Silva, mas jamais me conseguiria esconder por detrás de iniciais (ou de um pseudónimo masculino, que poderia facilmente ter criado neste mundo virtual) - assumo o meu papel de mulher, orgulhosamente, mesmo tendo a certeza que isso me vai roubar algumas vendas. :)
Preconceitos à parte - e não os tenho, até hoje, no que diz respeito ao género - aprecio a leitura de boas obras literárias, sejam elas de autores masculinos ou femininos. Há homens que escrevem romances rosa (como já foi o meu caso, ao escrever contos desse âmbito para uma revista feminina) e há mulheres que escrevem thriller e terror. Não, não creio que, por ser mulher e assinar como tal, haja menos vendas; pelo menos, vai ter mais um leitor - eu. Desejo-lhe os maiores sucessos.