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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

23
Set13

Leituras obrigatórias

Maria do Rosário Pedreira

O Manel, por causa da ideia do Expresso de que já aqui falei, anda a reler Os Maias; e esse facto gerou uma conversa sobre as leituras escolares obrigatórias e a imaturidade com que todos lemos determinados livros e autores, como Gil Vicente, Fernão Mendes Pinto, Camões (o d’Os Lusíadas) ou o próprio Eça que, relido na idade adulta, contém um suplemento de prazer. Nessa conversa, que decorreu durante uma sessão de autógrafos sem grande afluência (a praia a ganhar ao livro, claro), a escritora Inês Pedrosa referiu que tinha dado a Lírica de Camões a ler recentemente à filha (que a adorou) porque a achara desavinda com a épica camoniana estudada na escola (se calhar, a fazer divisão de orações); e acrescentou que, sendo hoje uma grande admiradora da obra de Agustina, não gostara assim tanto de A Sibila quando a lera pela primeira vez em adolescente. Isso acendeu porém uma recordação que não resistiu a partilhar connosco e eu faço o mesmo com essa história deliciosa: Agustina Bessa-Luís ficou a certa altura sem empregada e, andando à procura de uma pessoa que pudesse trabalhar para si, uma conhecida recomendou-lhe uma rapariga de confiança que, além de estar a precisar de emprego, não era propriamente uma ignorante. Puseram-se então ambas em contacto e foi combinado um dia para conversarem e verem até que ponto podiam ser úteis uma à outra. Porém, quando a rapariga se apresentou em casa da escritora e soube finalmente o seu nome (ou reconheceu o seu rosto de alguma contracapa, já não sei), foi peremptória ao afirmar que não havia nada a fazer, pois de modo algum trabalharia para aquela senhora. A razão era simples: a autora de A Sibila era a verdadeira responsável por a rapariga nunca ter conseguido acabar o liceu… 

4 comentários

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    Cristina Torrão 23.09.2013

    Esta coisa dos livros de aventuras e do Eça lembrou-me agora uma história interessante. Andava eu no 8º ano (Liceu de Gaia, agora Almeida Garrett), quando a professora de Português decidiu apimentar a obrigatoriedade da leitura de uma obra dando-nos duas à escolha, a fim de votarmos. Ler-se-ia a que fosse mais votada.

    Haveria de ser Eça. Mas uma era um original dele - "O Mandarim" - a outra, uma tradução dele de "As Minas de Salomão" de Henry Rider Haggard.
    Que esperava a professora de miúdos de 13/14 anos? É claro que o livro de aventuras ganhou por larga margem. Ela mostrou-se contrariada, disse-nos que "O Mandarim" tinha muito mais valor literário, mas aceitou a votação.
    Hoje dou-lhe razão, claro. Mas é curioso que, apesar de ser fã do Eça ("Os Maias" também 5 ou 6 vezes, pelo menos, "O Crime do Padre Amaro" umas 3, "A Cidade e as Serras" idem e alguns outros só uma vez), apesar de ser fã, dizia eu, nunca li "O Mandarim". Nem o tenho. Acho que vou esperar que o "Projecto Adamastor" o digitalize, para o ler no meu Sony ;)
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    Rui Esteves 23.09.2013

    Cristina, veja só o início do Mandarim:

    "Eu chamo-me Theodoro―e fui amanuense do Ministerio do Reino.
    N'esse tempo vivia eu á travessa da Conceição n.º 106, na casa d'hospedes da D. Augusta, a esplendida D. Augusta, viuva do major Marques. Tinha dois companheiros: o Cabrita, empregado na Administração do bairro central, esguio [4] e amarello como uma tocha d'enterro ; e o possante, o exuberante tenente Couceiro, grande tocador de viola franceza."

    Diga lá, não apetece continuar a ler?
    Cump.
    Rui Esteves

    P.S. retirei esta citação do site Gutenberg que agradeço.
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    Cristina Torrão 24.09.2013

    Claro que apetece. Irei ao site brevemente :)
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