Actualizações
Contaram-me há uns tempos que alguns autores de literatura infanto-juvenil, depois de terem visto as suas séries de livros adaptadas à televisão, tomaram a decisão de as reescrever. Quando elas tinham sido dadas originalmente à estampa, não havia telemóveis nem Internet e, para manter o interesse dos leitores, sentiram a necessidade de uma actualização. Nada contra. E, mesmo assim, quando passo os olhos pelas listas dos títulos mais vendidos, não deixa de ter alguma graça que a extensíssima obra de Enid Blyton continue a figurar entre tanto livro mais moderno ou modernizado. Talvez o segredo do seu sucesso se prenda com a paixão sentida pelos pais dos pequenos leitores de hoje – que são, em princípio, quem compra os livros aos filhos e os pode influenciar. Ou simplesmente o êxito resida na fórmula encontrada – uma aventura cheia de peripécias fascinantes, com as quais as personagens crescem e aprendem, entre outras coisas, a ser melhores pessoas. Como tenho sete sobrinhos, entre os dois meses e os vinte e sete anos, já por várias vezes vi os livros de Enid Blyton nas mãos de um deles. E acho que ainda vou ver muitas mais.