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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

30
Nov12

Paixões proibidas

Maria do Rosário Pedreira

Hoje à noite estarei pela primeira vez no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. É uma vergonha, eu sei, mas a verdade é que ainda não tinha arranjado tempo para lá ir e o pretexto apareceu agora. No ano passado, lancei um romance de Ana Cristina Silva intitulado Cartas Vermelhas, que se baseia na história verdadeira de Carolina Loff, militante comunista que se apaixonou por um agente da PIDE e, contra todas as expectativas, abandonou as suas funções (era, inclusivamente, espia) para viver com esse homem que a interrogara na prisão (e que também acabou por deixar a família por causa desse amor). Ana Cristina Silva confessou, por ocasião do lançamento público deste romance em Lisboa, que gosta de escrever sobre os conflitos interiores e as contradições deste tipo de personagens (é doutorada em Psicologia, o que pode explicar, pelo menos em parte, esse fascínio) e que, assim que ouviu falar de Carolina Loff, percebeu que não resistiria a dedicar-lhe um romance. Embora a investigação não tenha sido propriamente fácil (ninguém gosta de falar de traidores), a autora supriu as dificuldades com muita imaginação, reconstituindo, em capítulos que atravessam o romance e antecipam os que se referem cronologicamente à sua vida, o encontro de Carolina com a filha que abandonara na União Soviética em criança e só voltaria a ver com vinte anos. Finalista na mais recente edição do Prémio Literário Fernando Namora, Cartas Vermelhas será hoje apresentado no Museu do Neo-Realismo, às 21h30. Se estiver perto de Vila Franca, não perca.

 

 

29
Nov12

Blimunda digital

Maria do Rosário Pedreira

Blimunda é uma das mais interessantes personagens femininas da ficção portuguesa – e foi também, não por acaso, o nome escolhido para a revista literária digital lançada no ano passado pela Fundação José Saramago (evidentemente, o criador da personagem). Esta Blimunda vai no número seis e, desta feita, vem com novo grafismo, da responsabilidade do atelier do designer Jorge Silva, e é integralmente dedicada ao nosso Nobel da Literatura por ocasião do 90.o aniversário do seu nascimento. Os textos são assinados por gente de respeito, desde logo os críticos Harold Bloom, autor de O Cânone Ocidental, ou James Wood (aqui traduzido por uma colega minha, a Ana Beatriz Manso), mas também os escritores John Updike, Mario Benedetti ou Carlos Fuentes, já para não falar do nosso amado Eduardo Lourenço ou da italiana Luciana Stegagno Picchio, grande estudiosa das literaturas portuguesa e brasileira e infelizmente desaparecida em 2008. As ilustrações que acompanham os artigos (de André Carrilho, Alex Gozblau, João Fazenda e muitos outros) estão em exposição na Casa dos Bicos, na estação de Metro do Aeroporto e ainda na Biblioteca das Galveias, ao Campo Pequeno. Na secção infantil da revista, a obra de Saramago para crianças é objecto de estudo por Luísa Ducla Soares e Andreia Brites. Descarregue-se e leia-se.

 

 

28
Nov12

Exemplos

Maria do Rosário Pedreira

Estamos numa crise terrível – e acredito que os mais novos, crianças que de há uns anos para cá estavam habituadas a ter tudo, desde brinquedos caros, telemóveis e consolas até à possibilidade de frequentarem duas ou três actividades extracurriculares do seu agrado, se sintam agora especialmente lesadas e com enorme dificuldade em aceitar as contrariedades (os adultos percebem melhor estas coisas). Mas pode chegar-se muito longe a partir do nada, garanto, e esse foi o caso de Amália Rodrigues, cujo exemplo de tenacidade, inteligência, criatividade e trabalho deve ser dado às crianças como prova de que o dinheiro não é o mais importante para fazer a diferença. A Minha Primeira Amália (perdoem a publicidade), que escrevi e foi ilustrado pelo grande João Fazenda, é lançado amanhã no Museu do Fado, às 18h30, com apresentação de João Paulo Cotrim. Vai haver fados, bem entendido, e até tocará um sobrinho-neto de Amália, com oito anos. Estão todos convidados e gostaria muito que aparecessem.

 

27
Nov12

Uma questão de popularidade

Maria do Rosário Pedreira

Há pouco tempo, publiquei aqui no blogue um post que, como era de esperar, desencadeou alguma polémica. É verdade que não consegui esconder a minha indignação por não serem sequer finalistas dos prémios literários portugueses mais emblemáticos obras que considero singulares quer na carreira dos respectivos autores, quer no contexto da história literária portuguesa, preteridas a favor de livros que, quanto a mim, nem tinham nada de diferenciador na obra dos escritores, nem peso literário que justificasse a distinção. Era uma opinião, como todas as que aqui exprimo, pessoal – e, naturalmente, houve quem discordasse, o que, de resto, considerei positivo, pois, se todos pensássemos do mesmo modo, este mundo já excessivamente globalizado seria uma monotonia completa. Na altura, porém, não terei formulado uma pergunta que ficou escondida algures no meu cérebro, uma pergunta ruminante que se prende com a provável diminuição do nível médio dos livros que hoje se publicam em todo o mundo. E só faz sentido voltar a ela agora porque o best-seller As Cinquenta Sombras de Grey, da «erotica star» E. L. James, foi escolhido como finalista dos National Book Awards na categoria de Popular Fiction, uma espécie de Óscares literários britânicos. Talvez os seus concorrentes não sejam muito melhores – que sei eu de Victoria Hislop, por exemplo? –, mas lá que me pareceu outra vez muito estranha a inclusão de um livro que a crítica classifica como literariamente pobre e até mal escrito num prémio desta dimensão, isso não posso negar. Lá popular é ele – está toda a gente a lê-lo em todo o mundo (Portugal inclusive) e até já originou um pedido de divórcio à americana (uma senhora queixa-se, aparentemente, de que o marido não lhe faz nada do que o senhor Grey faz à rapariga com quem tem uma relação escaldante sadomasoquista). Mesmo assim, se a redacção é tão frágil como dizem, é justo encontrar-se em posição de vencer? Ou o nível médio baixou mesmo e escrever mal já não tem grande importância desde que se cometa a proeza de chegar a um número incrível de leitores?

 

 

 

 

 

26
Nov12

Ler nas favelas

Maria do Rosário Pedreira

Há mais ou menos duas semanas, a LeYa Brasil iniciou a publicação de uma colecção de autores portugueses, na maioria desconhecidos do lado de lá do mar, aproveitando a circunstância do Ano de Portugal no Brasil para apresentar a nova literatura portuguesa aos leitores brasileiros. Cinco escritores – João Ricardo Pedro, Nuno Camarneiro, Patrícia Portela, Patrícia Reis e Sandro William Junqueira (a ordem é alfabética) – partiram então para o Rio de Janeiro, onde, além de lançarem os respectivos romances na Livraria da Travessa (popularizada há uns anos, se não erro, por causa de uma telenovela), participaram na primeira edição de um festival literário (FLUPP) que se realiza em favelas – cabendo, desta feita, a distinção ao Morro dos Prazeres, no bairro carioca de Santa Teresa. Trata-se de uma das favelas que foram pacificadas com a intervenção da Polícia – que restituiu aos seus habitantes a ordem perdida com o tráfico de droga e a violência daí decorrente – e que agora se tornou palco de leituras de poesia, apresentações de livros e debates vários. Além dos portugueses, importa assinalar a presença dos gigantes locais Ferreira Gullar ou João Ubaldo Ribeiro e de alguns autores estrangeiros como o alemão Thomas Brussig ou o palestino Najwan Drawish. Espectáculos diversos compuseram um programa que se pretendia, segundo os organizadores, «interdisciplinar». Ora que boa ideia esta, a de levar a cultura aos mais desfavorecidos, sem ser através do gesto caridoso de oferecer livros às crianças pobres e aos presos. Será que, com a crise, não faria sentido montar uma coisa do tipo aqui em Portugal?

 

 

 

23
Nov12

Desistir?

Maria do Rosário Pedreira

Há uns tempos, António Lobo Antunes (70 anos) avisou os seus leitores de que, embora não deixe provavelmente de escrever, não publicará mais nenhum livro além dos que tem já começados ou terminados (mesmo que ainda não tenham saído): um romance e um livro de crónicas. Pouco depois, foi a vez de o autor amado por muitos leitores deste blogue, Philip Roth (79 anos), vir dizer, numa entrevista em França concedida à revista Les Inrocks, que Nemesis foi o seu derradeiro romance, que há três anos não escreve uma linha de ficção e que tem estado apenas a organizar os seus arquivos para a biografia que lhe será dedicada, pois quer entregar todo o material em vida ao seu biógrafo (não escreverá ele próprio as memórias, como inicialmente se terá pensado). Logo a seguir, o húngaro Imre Kertész (83 anos), que ganhou o Nobel da Literatura em 2002 e tem alguns romances traduzidos em Portugal (Sem Destino é o mais conhecido e foi interpretado pelos críticos como autobiográfico), anunciou que não tenciona voltar a escrever, uma vez que acha ter esgotado o assunto que percorre toda a sua obra (o Holocausto – Kertész foi um dos sobreviventes dos campos de concentração). Que levará um escritor a desistir de fazer o que fez ao longo de uma vida ou a privar quem o lê dos seus últimos escritos? Cansaço – sobretudo no caso de Kertész, a idade pesará? Desencanto com o público? Desejo apenas de se livrar de compromissos, pressões dos editores e leitores, aparições em público (não creio que Roth saísse muito de casa, segundo li, mas nunca se sabe)? Enfim, uma perda para quem gosta de os ler, mas certamente um bom tema para nele reflectirmos todos a partir de agora.

22
Nov12

Calhamaços

Maria do Rosário Pedreira

Aqui para nós, confesso que ler um calhamaço na cama não me dá grande jeito e que andar com ele atrás está fora de questão: a coluna ressente-se logo e uma fumadora como eu chega ao último patamar das escadas a ofegar como se tivesse corrido cinco quilómetros ou mais. Mas, pelos vistos, os calhamaços estão na moda – e há quatro editoras que acabam de pôr na rua obras maiores em todos os sentidos, não querendo saber de quantos quilos conseguimos transportar ou suportar em cima do peito ou da barriga. Para começar, está aí finalmente A Piada Infinita, do escritor-mito David Foster Wallace, romance ora cómico, ora trágico, sempre complexo e, seguramente, notável (só li umas cinquenta páginas do original há anos e fiquei logo a saber que o meu inglês era insuficiente, por isso a notícia da tradução é tão boa). Depois, o único romance do Prémio Nobel da Literatura que tinha sido traduzido em Portugal mas andava arredado dos escaparates, Peito Grande, Ancas Largas, de Mo Yan, está de novo à disposição dos leitores que queiram conhecer a obra do nobelizado chinês. Em terceiro lugar, a obra magna que é Quarteto de Alexandria, de Lawrence Durrell, que muitos de nós lemos nos quatro volumes de capa branca (amarelecida entretanto nas estantes) da Ulisseia, apresenta-se agora num só tomo para os mais novos (que são também os mais fortes) lerem de enfiada – e são mil e tal páginas de intriga política e sexual na cidade egípcia que foi uma espécie de Paris no Médio Oriente. Por último, um grande (em todos os sentidos) ensaio de Antony Beevor, A Segunda Guerra Mundial, vem mostrar-nos como um tipo sem carisma chamado Adolf Hitler conseguiu chegar aonde chegou (e dizer-nos que os tempos que agora atravessamos têm bastantes semelhanças com esses em que a guerra na Europa eclodiu). Tudo muito interessante, tudo a ler, mas ai, as costas não vão aguentar...

 

 

21
Nov12

Contar segredos

Maria do Rosário Pedreira

Poucas pessoas conseguem entrar na Coreia do Norte, mas tenho um velho amigo teimoso que, desde pequeno, colecciona países e conseguiu passar uma semana nesse que é um dos mais fechados lugares do mundo e trazer notícias surpreendentes (embora outras mais previsíveis) de Pyongyang. Andava sempre com duas pessoas a acompanhá-lo: um guia, para o ajudar com a língua e o levar aos sítios certos (ou o inibir de ir aos que não deviam ser visitados), e um controlador, para garantir que o guia não dizia mais do que aquilo a que estava autorizado nem arranjava maneira de se colar ao viajante para tentar a fuga nessa ou noutra altura. Falou-me, entre outras coisas, de uma espécie de museu de dimensão escandalosa, salas atrás de salas, onde estavam guardadas e expostas positivamente todas as coisas que tinham sido oferecidas ao Dear Leader por outras nações do mundo – e aonde o povo ia em romaria ao fim-de-semana, como nós, portugueses, rumamos aos centros comerciais – e entre as quais encontrou, calculem, um galo de Barcelos. Agora, o escritor José Luís Peixoto publica o primeiro livro de viagens sobre a sua permanência na Coreia do Norte ao longo de duas semanas, durante as quais teve o privilégio de assistir às comemorações do centenário de Kim il-Sung (o que, segundo ele, tornou mais fácil o convívio, talvez pelo clima de festa). Pelo que li numa entrevista, terá mesmo muito que contar, pois, ao contrário desse amigo que referi, Peixoto conseguiu afastar-se da capital, ir a cidades que não recebiam um estrangeiro desde os anos 50 do século passado (onde as pessoas se assustaram com a sua presença, chegando até a fugir) e conversar com um povo pouco habituado a forasteiros, com o qual comeu, bebeu e, pasme-se, dançou. Dentro do Segredo, assim se chama a obra, traz-nos «um país de ficção», mas a viagem de José Luís Peixoto aconteceu mesmo.

20
Nov12

A vida partilhada

Maria do Rosário Pedreira

Tive a felicidade de conhecer pessoalmente Al Berto no final dos anos 80 – e conservo ainda, entre outras coisas que estimo particularmente, uma carta que ele me mandou a respeito dos meus primeiros poemas publicados, na qual tenho imenso orgulho, não por ele ter sido uma figura importante das letras portuguesas, mas pela pessoa adorável que era – generoso, cheio de humor, bom companheiro, de uma afabilidade sem limites (além de dizer poemas fantasticamente com aquela voz grave que eu adorava). Al Berto é uma referência para todos nós que escrevemos actualmente poesia e já ouvi Eduardo Lourenço chamar-lhe «o último poeta-mito português». Agora, a também poeta Golgona Anghel lançou-se na tarefa hercúlea de pegar nos trinta e seis cadernos e agendas de Al Berto e editar, a partir desse material, os seus Diários entre 1982 e 1997. Não contem, porém, com a descrição pura e dura dos movimentos quotidianos do escritor, porque, como a organizadora se apressa a explicar no texto que define os critérios que seguiu para a edição, uma parte desse material funciona «como laboratório de escrita», o que é, de resto, excelente notícia para os amantes da sua poesia, que aqui encontrarão razões suficientes para rejubilarem com textos que nunca leram ou leram de forma mais definitiva mas ignorando o que haviam sido no embrião. E as entradas que dizem respeito à vida da pessoa (aonde foi, como se sente, quem apareceu, de quem recebeu cartas, etc.) são tantas vezes visitadas por essa poesia a que nos acostumou que, como se refere na introdução, o homem e o escritor não são separáveis na entidade Al Berto e a realidade parece constantemente atravessada pela literatura. Um pequeníssimo exemplo: «[...] passam as luas e marcam nos vidros da janela um sulco de claridade.» São muitas páginas para ir lendo devagar, como a crónica de um pequeno grande mundo que admiramos.

19
Nov12

Voltar à base

Maria do Rosário Pedreira

Os livros hoje têm uma vida curtíssima, porque outros rapidamente ocupam o seu lugar no espaço onde são vendidos e nos nossos desejos acendidos por entrevistas e artigos portugueses e estrangeiros. Alguns, porém, quando os julgávamos mortos e enterrados, regressam à base como uma espécie de fantasmas que não gostaram de ser esquecidos. Há para aí uns dez anos, publiquei, na Temas e Debates, um romance histórico chamado O Segredo da Bastarda, da escritora argentina radicada em Portugal Cristina Norton, que vendeu seis edições num virote mas, como muitos outros, acabou por desaparecer das livrarias ao fim de uns meses. Eis, no entanto, que o descubro agora no programa de um colega da Oficina do Livro, de cara lavada e, pelos vistos, revisto e ampliado, pronto a concorrer mais uma vez com as novidades e oferecendo-se, tentador, aos leitores que gostam do género histórico, mais ainda quando a acção e as personagens são portuguesas. Que os nossos reis tinham filhos fora do casamento, todos sabíamos, mas é voz corrente que D. João VI foi tantas vezes enganado pela sua Carlota Joaquina que dele não se esperavam bastardos (enteados, sim). O romance de Cristina Norton não é, no entanto, uma ficção completa, pois baseia-se em documentos encontrados numa outra investigação que provam que o monarca que fugiu para o Brasil com a sua corte também fez, afinal, das suas no campo da alcova. Com belas descrições da vida da bastarda durante a infância no país irmão e do choque do regresso à pátria cinzentona onde se torna próxima da rainha (e do rei, o que já não foi assim tão bom), este livro agradará certamente aos que apreciam ler sobre a História de Portugal e dos seus reis e súbditos. Promete-se um final levemente camiliano.

 

 

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