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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

17
Jul14

Relíquias

Maria do Rosário Pedreira

Uma das razões por que é um verdadeiro prazer ler Mário Cláudio – já aqui o disse – prende-se com o número de palavras que aprendo ou reaprendo a cada nova obra que publico. Nunca me esquecerei, por exemplo, daquele «bazulaque» que encontrei em Tiago Veiga e que quer dizer, entre outras coisas, «gordo»; ou do «plumitivo» que havia muito não via escrito em lado nenhum, talvez porque as «plumas» e «penas» com que dantes se escrevia tenham sido substituídas por meras teclas com caracteres desenhados. Um dia destes, aliás, descobri com saudade que imensas palavras que ouvia em adolescente se evaporaram do discurso contemporâneo e correm o risco de se ver para sempre sepultadas, desconhecidas que são dos nossos jovens com trinta anos (sei do que falo), por mais engraçadas, sugestivas e vivas que sejam. Falo, por exemplo, de «amásia», forma evidentemente insultuosa de nomear a concubina de alguém (sobretudo de um homem casado), de «lambisgóia», «serigaita» ou «pespineta» (em pequena, a minha avó usava este termo muitas vezes), palavras que têm um mundo inteiro lá dentro, cheias de cores e formas, e dizem mesmo aquilo que queremos dizer quando pensamos em alguém. E, por isso, resolvi que, uma vez por mês, vou recuperar aqui no blogue uma dessas deliciosas relíquias, pedindo aos extraordinários que as usem por aí, não vão desaparecer sem deixar rasto. A última de hoje é «pindérico», substituída pelo actual «piroso», vocábulo que não tem, convenhamos, a mínima piada.

16
Jul14

Preconceito?

Maria do Rosário Pedreira

Desde que me tornei editora de autores portugueses, publiquei vários géneros de romance, entre os quais aquilo a que se chama vulgarmente romance histórico. Mas, quando tento fazer uma espécie de retrospectiva, reparo que as obras dessa, digamos assim, tipologia são as que menos críticas receberam da nossa imprensa. Tenho consciência de que alguns desses livros não apresentavam grandes inovações estilísticas – assumindo-se como ficções informadas à roda de episódio ou personagem histórico, mas sem voo literário; mas existem outros que, partindo de determinado facto ou tempo histórico, são tão ou mais inventivos em termos de voz ou estrutura do que os romances que não usam a história como pretexto – e pergunto-me se bastará aos recenseadores olhar para uma capa com gravura antiga ou ler uma sinopse referindo um tempo passado para os afastar da leitura e os levar a acreditar que dali não vem decerto literatura a sério. Será um preconceito, dado que existem muitos romances históricos levezinhos, sem alma, escritos por autores que apenas usam a ficção para dar informações a quem não sabe? Será porque a História pareça a quem faz crítica um pretexto para escritores sem imaginação? Que diabo! Publiquei este ano dois livros belíssimos, Mal Nascer, de Carlos Campaniço, e O Pecado de Porto Negro, de Norberto Morais, e não vi quase ninguém escrever sobre eles, sendo que um crítico que se deu ao trabalho de ler o último afirmou que era um dos melhores romances históricos publicados desde sempre em Portugal. A história e a literatura não podem andar de mãos dadas, que logo vem alguém desconfiar do casamento?

15
Jul14

O admirável mundo novo

Maria do Rosário Pedreira

Leio no New York Times um relato na primeira pessoa – «I Was a Digital Best Seller» – de pôr os cabelos em pé. Tony Horwitz, assim se chama a autora, já tinha publicado alguns livros em papel, mas quis dar uma oportunidade ao mundo online, mais ecológico, e aceitou uma encomenda de um livro digital para o The Global Mail. Como a investigação implicava uma viagem (o assunto era o petróleo), recebeu um adiantamento para despesas de deslocação que se esgotou uns dias antes de começar a escrever; mas, animada com o material que recolhera, produziu o texto do livro ao longo do Inverno seguinte, altura em que soube que o jornal negociara a co-publicação do seu livro com uma plataforma digital de renome, a Byliner, conhecida por já ter conseguido vender 75 000 exemplares de vários títulos. Findo o trabalho – e já depois de ter gasto o que não tinha numa garrafa de champanhe a celebrar o fim da tarefa e a sonhar com os lucros – recebeu, no entanto, um telefonema do The Global Mail, explicando que estavam com problemas financeiros e já não podiam publicar-lhe o livro; pior: que a co-edição com a Byliner não tinha, afinal, sido fechada... Neste passo, Tony decidiu (deveria tê-lo feito antes) contactar o seu agente, que conseguiu em 24 horas um contrato com a Byliner, mas um bocado miserável: um adiantamento muito baixo e um terço dos lucros para Tony, sendo que o livro seria vendido apenas a 3 dólares… Uns dias mais tarde, o livro estava na página da Byliner, é um facto, mas sem publicidade, sem comentários nem críticas, perdido entre milhares de outros. Tony apercebeu-se da tragédia e afadigou-se a telefonar a jornalistas e amigos para a ajudarem a publicitar o livro em rádios e jornais e, ao fim de um mês de trabalhos forçados, a obra encontrava-se no Top 25 da Byliner. Só que, quando Tony perguntou quantos exemplares se tinham vendido, recebeu como resposta uns envergonhados 700 ou 800. E, um mês depois, o livro desaparecera completamente da página, como muitos outros, evaporando-se para sempre. Nem a própria autora tinha um livro para pôr na estante – sendo que o texto lhe consumira seis meses de trabalho... Bom, pelos vistos, um best seller digital pode registar vendas de menos de 1000 exemplares, incluindo nos EUA (e portanto convém não nos impressionarmos com os Top das livrarias online); por outro lado, no negócio dos livros em papel, ainda se privilegia o contacto humano, que ajuda muito, e, além disso, os autores têm sempre direito a um certo número de exemplares físicos que podem pôr nas suas estantes.

14
Jul14

Troca por troca

Maria do Rosário Pedreira

Embora nunca tenha sido exactamente uma apreciadora do género (há, claro, excepções), sou de uma geração que assistiu a um boom de livros de ficção científica. Era o tempo em que se imaginavam mundos alternativos, vida extraterrestre, viagens a Marte, robots que nos livrassem das tarefas domésticas, guerras interplanetárias. E mais: telefones sem fios nos quais fosse possível ver o rosto de quem nos ligava, telecomunicações rápidas entre quaisquer países, envio instantâneo de imagens... Ora, muito do que lemos nesses livros proféticos já aconteceu, e o avanço tecnológico das últimas décadas frustrou, de certo modo, a criatividade dos autores que inventavam universos sofisticados e marcianos verdes. Ficou, de súbito, difícil falar do futuro, quando o futuro nos surge todos os dias em pequenas invenções que, há quarenta anos, pareciam apenas possíveis na imaginação de certos escritores. Em todo o caso, os leitores estavam precisados de se consolarem com outros mundos que não este – e foi talvez por isso que vingou um género literário que hoje tem muitos seguidores, a chamada Fantasia, que, ora recriando o passado, ora projectando um futuro no qual os humanos convivem com estranhas criaturas, oferece uma dose respeitável de magia a quem dela precisa. Continuo a não ser apreciadora, mas admito que estas sagas são um óptimo negócio.

11
Jul14

Que mais inventar?

Maria do Rosário Pedreira

Já todos vimos livros à venda com ofertas: de lápis, echarpes, perfumes, leques e sei lá que mais. Mas, na generalidade, trata-se de romances levezinhos, de componente romântica, vendidos a senhoras que gostam de histórias da carochinha e que, se não comprassem livros, comprariam as revistas de sociedade (que, não por acaso, também oferecem malas, faqueiros, bolsas de praia e tralha de cozinha). Só que agora vem aí um livro supostamente sério (bem, pelo menos, o autor é mencionado sempre que estamos à espera de saber quem ganha o Prémio Nobel da Literatura – o que considero um exagero, mas há quem não concorde) e traz uma folha de autocolantes de brinde para os leitores enfeitarem as páginas do romance... Não, não é brincadeira: trata-se do próximo livro de Haruki Murakami e a dita folhinha inclui ilustrações de cinco artistas japoneses famosos. Ao que parece, o nome do protagonista – em japonês, Tsukuru – significa «construir» e, assim, é dada ao leitor a possibilidade de ir construindo qualquer coisa ao longo da leitura, colando aqui e ali um dos bonitos stickers. Não sei se a ideia foi do marketing editorial, se do autor, porque os japoneses, ao que sei, apreciam brinquedos na idade adulta (vi uma reportagem sobre a matéria há uns anos e lembro-me de um administrador da SONY que coleccionava Barbies, tinha mais de 300); também não sei se aqui na LeYa os autocolantes se irão manter, mas lá que me parece mais uma forma de infantilizar o leitor, parece. Um dia destes, ainda vendem o Roth com páginas para colorir. Nem quero imaginar quais vão ser as ilustrações...

 

10
Jul14

Pessoanos

Maria do Rosário Pedreira

A pessoa de Pessoa não pára de inspirar estudiosos e professores – e em todo o lado se organizam encontros à roda desta figura ímpar da literatura portuguesa, que se desdobrou em muitas. Desta feita, a começar já amanhã (uma semana mais tarde haverá outra sessão), a Casa Fernando Pessoa promove um Ciclo Internacional de Conferências subordinadas ao tema Fernando Pessoa: entre Filosofia e Literatura, que conta com a participação de uma especialista no espólio do poeta (objecto, aliás, do seu pós-doutoramento), chamada Cláudia Souza e professora na Universidade de S. Paulo, que falará sobre Pessoa e Novalis (as ressonâncias); Nuno Ribeiro (igualmente brasileiro, mas da Universidade Federal de São Carlos), que se debruçará sobre a Dramatização do Pensamento Filosófico em Pessoa; e – os últimos são os primeiros – Paulo Borges, professor de Filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa (e cabeça do Partido dos Animais, além de budista), cuja conferência terá como centro o heterónimo Álvaro de Campos. As palestras c omeçam às 18h30. Se quer saber ainda mais sobre o nosso Fernando, esta é uma boa altura para aumentar os seus conhecimentos.

09
Jul14

Longe

Maria do Rosário Pedreira

Já sabemos que o País investiu nos últimos trinta e tal anos na educação de jovens que não vão poder fazer render o peixe dentro de portas... Todos conhecemos seguramente alguém que, por falta de colocação, vive hoje no estrangeiro – e a verdade é que o número está a aumentar. Só entre os autores que publiquei na LeYa nestes quatro anos, reparei que emigrantes é coisa que não falta. Além de Aida Gomes, que é funcionária da ONU e está de momento a trabalhar na Libéria (mas, de qualquer modo, reside oficialmente na Holanda), Bruno Margo (o autor de Sandokan & Bakunine) vive em Itália, onde a mulher, creio, faz investigação; Hugo Gonçalves e Paulo Nogueira estão no Brasil há algum tempo (um é editor, o outro jornalista); o meu saudoso Paulo Bandeira Faria vivia em Vigo (embora fosse professor no Norte de Portugal) e Norberto Morais (o autor de O Pecado de Porto Negro) trabalha actualmente em França. A mais recente vencedora do Prémio LeYa, Gabriela Ruivo Trindade, vive em Londres há uma dezena de anos e agora estou a editar o romance de uma autora que reside na África do Sul, calculem. Dos que estão em Portugal, muitos também se encontram longe: tenho dois autores no Algarve (e nenhum é de lá), um que anda entre Aveiro e o Porto (mas nasceu na Figueira e já andou lá por fora muito tempo), dois no Porto, um em Pombal... enfim, na capital é que eles param pouco. Quando nos vemos, a festa é maior, claro, e já ando com vontade de promover um piquenique de escritores, para que todos se conheçam, que há-de ser bem melhor do que o do Continente – de fazer parar o trânsito, claro, mas por outras razões.

08
Jul14

Ilustrartistas

Maria do Rosário Pedreira

Não me tenho cansado de dizer aqui no blogue que a ilustração em Portugal vai de vento em popa. Não só são cada vez mais cuidados e bonitos os livros para crianças – e muitos deles comprados também por adultos, que se apaixonam pelas imagens e não lhes resistem – como os nossos artistas que trabalham nesta área são cada vez mais reconhecidos internacionalmente com prémios importantes. Desta vez, a revista norte-americana 3x3, The Magazine of Contemporary Illustration, distinguiu, de uma assentada, uma mão cheia de portugueses: Marta Monteiro, Sara Cunha, André da Loba, Ana Lúcia Pinto, André Carrilho (que é também um caricaturista de peso), João Vaz de Carvalho, Gonçalo Viana, João Fazenda (o talentosíssimo parceiro que tive no meu livro para crianças sobre Amália Rodrigues) e o já premiadíssimo André Letria. Do cartoon à banda desenhada, passando pela animação e pela ilustração para meios de comunicação social, Portugal marca pontos. Os trabalhos contemplados poderão ser vistos na edição da revista do próximo Inverno.

07
Jul14

Os dois irmãos

Maria do Rosário Pedreira

Há uns livros que, sendo romances, não são só romances. E é este o caso de Cláudio e Constantino, de Luísa Costa Gomes, recentemente publicado pela Dom Quixote e, ainda por cima, com uma capa que dá logo vontade de o comprar e ler num instantinho. É um romance (também) que fala da vida de dois irmãos (Constantino diabolicamente pensante e estridente, Cláudio – o mais novo – melancólico, frágil e sonhador): dois meninos de famílias muito boas (com casa grande, criados, preceptores, avós e muitas tias fantásticas); meninos de outro tempo e de outro país (há vestígios de quando e onde, mas nunca se refere exactamente um lugar ou um ano – e é melhor assim, porque esta história serve, na verdade, a todos os tempos e lugares). A autora chamou-lhe «uma novela rústica em paradoxos», um nome que está certo, bem entendido, mas pode parecer a alguns demasiado «caro» e afastá-los da leitura. Pois que nada vos afaste, caríssimos extraordinários, porque esta pérola é uma espécie de Alice no País das Maravilhas escrita por uma portuguesa, um romance profundamente afectuoso e pleno de graça sobre questões abordadas desde sempre pela Filosofia (o ovo de Colombo, o infinito, o círculo vicioso e muitos outros paradoxos apaixonantes). É também extremamente simples nas suas proposições – ou não fossem os dois irmãos ainda crianças, embora já com um fraquinho pelas primas Florença e Tristeza (os nomes são igualmente bem apanhados, garanto) –, o que torna a leitura escorreita e agradável, embora a linguagem seja especialmente cuidada, nada de equívocos. E tem episódios e personagens inesquecíveis, além de – obviamente – muitas histórias que nos fazem pensar, muito para lá de terminado o romance. Um livro muito raro na nossa literatura, enfim.

 

04
Jul14

Correspondências

Maria do Rosário Pedreira

Antes que me venham dizer alguma coisa menos elogiosa, vou já avisando que este post é daqueles que não dizem nada de especialmente interessante (lamento não me ter lembrado de um tema com um mínimo de sumo, mas não pode ser sempre); em todo o caso, calculo que quem goste de livros goste também de um certo tipo de correspondências (acontece comigo) e tenha alguma curiosidade em saber, por exemplo, que livros foram publicados no ano do seu nascimento (os mais conhecidos, enfim). Eu, pelo menos, fui atraída por essa, chamemos-lhe assim, futilidade sem préstimo aparente, mas acabei por topar com um autor em que ainda não pus os olhos (Robert Heinlein) e fiquei de orelha arrebitada – já é qualquer coisa. Além disso, descobri que A Trégua, de Mario Benedetti (que apreciei muito, tal com o extraordinário ASeverino), foi escrito no ano em que nasci (se se derem ao trabalho de ver alguns dos grandes livros saídos entre 1911 e 1999, ficarão a saber a minha idade), bem como O Tambor, de Günther Grass, o alemão que viveu muitos anos em Portugal e ganhou o Prémio Nobel da Literatura. Se quer, pois, saber que grandes obras foram dadas à estampa no ano em que veio ao mundo, divirta-se: eu deixo-lhe aqui o link, enquanto vou pensar em algum assunto mais digno para o post do dia que aí vem.

 

 

http://homoliteratus.com/quais-foram-os-grandes-livros-publicados-na-data-de-seu-nascimento/

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