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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

30
Nov17

Ibero-americana

Maria do Rosário Pedreira

Para quem se queixa do preço dos livros, não há desculpas: aqui está uma belíssima colecção que o Público vende desde o último dia 24 a preço mesmo módico. Julgo que são apenas 4,45 Euros – e a notícia é excelente se pensarmos que o Natal está à porta e que os doze títulos que compõem a série são obras-primas indiscutíveis; para quem já possua a maioria, os livros podem constituir um excelente presente para alguém que esteja a começar a montar a sua biblioteca (quero crer que ainda existam alguns jovens que o façam, senão o melhor é reformar-me). O domínio é o da literatura ibero-americana (a melhor) e, além de Lobo Antunes (Portugal) e Juan Marsé (Espanha), representando a Europa (e muito bem), há obras de Jorge Amado (Brasil), García Márquez (Colômbia), Vargas Llosa (Peru), Cortázar (Argentina), Juan Rulfo (México), Alejo Carpentier (Cuba), Skármeta (Chile), Augusto Monterrosso (Honduras), Feliberto Hernández (Uruguai) e Miguel Ángel Asturias (Prémio Nobel da Literatura em 1967, oriundo da Guatemala). Os livros têm um bonito grafismo, são resistentes (capinha dura) mas afeiçoam-se à mão (são jeitosinhos). E, claro, são  grandes textos, o que é o mais importante!

29
Nov17

Vinho e literatura

Maria do Rosário Pedreira

Agora, pelo menos, Viseu será notícia por boas razões (e não por causa do fogo ou da seca): o Festival Literário Tinto no Branco, que inicia a sua terceira edição já no próximo dia 1 de Dezembro e contará com a presença de numerosos convidados. Não serão só escritores, embora estejam presentes Afonso Cruz, Pedro Mexia, Fernando Dacosta ou Miguel Real, entre outros. Também participarão algumas pessoas de outros sectores, como Raquel Varela, Carlos Fiolhais, Rodrigo Moita de Deus, Daniel Oliveira (o jornalista e comentador), Pedro Santos Guerreiro, Frei Bento Domingues e o excelente diseur Isaque Ferreira (além do Manel, que vai defender o vinho contra a cerveja). Mas o convidado que provavelmente vai gerar maior curiosidade é Michael Palin, um senhor apresentador de televisão que, para quem tem a minha idade, associamos imediatamente ao colectivo de actores Monty Python e estará num frente-a-frente com Ricardo Araújo Pereira dia 1 às 18h00, que é a não perder. Mas, além das conversas que porão em confronto ciência e religião, poesia e prosa, campo e cidade, ócio e trabalho, o festival proporciona ainda exposições, filmes, visitas guiadas, concertos e ateliers infantis (espera-se que, nestes últimos, a presença do vinho seja moderada). A maioria das actividades acontece no Solar dos Vinhos do Dão e o programa completo pode ser visto no link abaixo:

 

http://www.tintonobranco.pt/

 

28
Nov17

Da diferença

Maria do Rosário Pedreira

É muito bom quando sabemos que pessoas que trabalharam connosco no princípio da sua carreira e de quem nos separámos a dada altura por contingências da vida continuaram com a sua paixão e fizeram conquistas importantes. Recentemente, descobri que a Sofia Fraga, que começou a trabalhar comigo na edição na época da QuidNovi e está actualmente na Porto Editora, onde trabalha os livros de escritores como Mário de Carvalho e Richard Zimler, acaba de publicar o seu primeiro livro – uma história infantil ilustrada pelo enorme Paulo Galindro, intitulada A Tartaruga Celeste o Menino Que Chorava Música (edição da Minotauro), na qual um menino (Pedro, como o filho mais velho da Sofia), em vez de chorar, canta verdadeiras árias de ópera; e uma tartaruga nasce curiosamente sem carapaça, o que mesmo assim não a impede de andar descontraidamente por aí a meter o nariz em tudo (a ilustração que a mostra de lenço na cabeça é mesmo uma delícia). Há também um anjo-estrela extenuado com uma busca, mas é melhor não adiantar mais nada... Trata-se de um livro bonito e inteligente para os mais novos folhearem, lerem e aprenderem a viver com a diferença (e aceitá-la nos outros, evidentemente), até porque, se fôssemos todos iguais, o mundo seria uma grande monotonia. Parabéns, Sofia, ficamos à espera do próximo. E diferente, claro!

 

A tartaruga Celeste e o menino que chorava musica_

 

 

27
Nov17

Na Rua Mazur

Maria do Rosário Pedreira

Paris, 2001. Yankel – um livreiro cego que pede às amantes que lhe leiam na cama – recebe a visita de Eryk, seu amigo de infância. Não se vêem desde um terrível incidente, durante a ocupação alemã, na pequena cidade da Polónia onde cresceram – e em cuja floresta correram desenfreados para ver quem primeiro chegava ao coração de Shionka. Eryk – hoje um escritor famoso – está muito doente, mas não quer morrer sem escrever um livro que servirá de ajuste de contas com o passado. Para isso, porém, precisa da memória do amigo judeu, que sempre viu muito para além da sua cegueira. Com o encontro dos dois se inicia Os Loucos da Rua Mazur, o segundo romance de João Pinto Coelho que lhe valeu o Prémio LeYa e, estando à venda apenas há dias, já deu celeuma na Polónia, com os jornais a tentarem escamotear o tal «incidente», esquecendo-se de que, em 2015, o próprio presidente polaco e um bispo pediram desculpas pelo sucedido durante a Segunda Guerra Mundial. Polémicas à parte, Os Loucos da Rua Mazur é um digno sucessor literário de Perguntem a Sarah Gross (em quarta edição) e uma ficção igualmente inesquecível. O lançamento é no dia 29, na Livraria Buchholz, em Lisboa, às 18h30. Apresenta o romance José Tolentino Mendonça.

 

capa frente_OS LOUCOS DA RUA MAZUR.jpg

 

 

24
Nov17

Confissões

Maria do Rosário Pedreira

João Morales não pára e há três anos consecutivos que organiza a actividade Confesso Que Li com o apoio da Câmara Municipal de Almada. A sessão contempla sempre uma entrevista feita pelo jornalista a uma personalidade mais ou menos conhecida do público (em Setembro, por exemplo, foi dedicada às leituras do compositor Tozé Brito) que traz consigo alguns livros (ou os títulos) que permitam falar acerca do seu passado, das suas escolhas, recordações, percurso pessoal e profissional. É já amanha, às 16h30, que tem lugar a terceira sessão da edição de 2017, cujo convidado será o curador e crítico de arte Delfim Sardo, também autor de vários livros, que foi – entre outras coisas – curador da Trienal da Arquitectura de Lisboa e colaborou com a Fundação Calouste Gulbenkian, o Centro Cultural de Belém ou a Culturgest, à qual ainda está hoje ligado. Desta vez, a conversa decorre na Biblioteca José Saramago, no Feijó. Se quer saber o que leu (e lê) Delfim Sardo, a entrada é livre.

23
Nov17

Aniversário

Maria do Rosário Pedreira

Falo muitas vezes aqui das Quintas de Leitura do Teatro de Campo Alegre, no Porto, mas existem outras, as 5.as, assim escritas, que acontecem na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz uma vez por mês (à quinta, claro), depois do jantar, e que festejam agora o seu oitavo aniversário. Já lá estive com imensos autores: João Ricardo Pedro, Paulo Moreiras, Ana Margarida de Carvalho, Nuno Camarneiro, Gabriela Ruivo Trindade, Afonso Reis Cabral e muitos outros, assistindo e acompanhando boas conversas com o público; e hoje, no âmbito das festividades, participo numa sessão com a presença dos escritores Mário Cláudio e João de Melo, ambos publicados pela chancela da Dom Quixote, que, embora vivendo longe um do outro, são amigos há muito tempo e têm uma afinidade difícil de encontrar em autores consagrados: gostam de ler livros de autores mais jovens e acompanhar a cena editorial nacional (são, aliás, muito requisitados por principiantes para lerem as suas obras). O presidente da Câmara da Figueira da Foz dá as boas-vindas e modera a conversa. Mas o público terá certamente muita coisa para perguntar. Se estiver, pois, para aqueles lados, apareça e venha trocar ideias connosco.

 

Rollup_Geral.jpg

 

 

22
Nov17

Uma centena

Maria do Rosário Pedreira

Adoro organizar antologias e percebi isso há relativamente pouco tempo, quando me convidaram para antologiar os poetas eruditos que escreveram para fado ou a quem os fadistas roubaram poemas que transformaram em letras (às vezes com um nadinha de liberdade a mais). Mas, se me pedissem para reunir num volume os autores ou textos de que mais gostasse, ui, acho que ficaria uma eternidade a pensar e dificilmente conseguiria decidir. Admiro por isso o jornalista José Mário Silva, o responsável pela secção de livros no seminário Expresso, ao juntar num mesmo volume Os (seus) Cem Melhores Poemas Portugueses dos Últimos Cem Anos (a editora é a Companhia das Letras), que abrangem Pessoa, Sophia ou Herberto, evidentemente, mas também Inês Dias, Matilde Campilho ou Rosa Oliveira, poetas que começaram há menos tempo. No prefácio, ele admite que o livro não é senão a sua escolha pessoal – e, como tal, subjectiva – mas claro que no Facebook já houve quem discutisse presenças e ausências, como se o livro afinal devesse ser um desses tesouros da literatura que antes se publicavam e que contemplavam quase sempre os mesmos batidíssimos versos. Neste livro, admito que muita gente que habitualmente não lê poesia, levada pelo «melhores» do título, vá pela primeira vez ler muitos dos autores (Jorge Sousa Braga, Daniel Faria, Luís Quintais, Miguel-Manso, eu?…) e se interesse por algum, começando a comprar os seus livros. Mas para outros leitores, como eu, o divertimento está sobretudo em ver o que faríamos diferente na escolha dos nomes e dos poemas. Provavelmente, quase tudo… Bem, se quer uma amostra da poesia que se escreve de há um século para cá, aqui tem um bom ponto de partida.

21
Nov17

O medo e outras histórias

Maria do Rosário Pedreira

Não costumo ler biografias, menos ainda de vivos (talvez prefira a ficção à realidade), mas deitei a mão uma destas noites a um livro que acaba de ser publicado pela Bertrand – De Que Cor É o Medo, assinado pela jornalista Sílvia de Oliveira, que é uma biografia autorizada de Paulo Teixeira Pinto. A maioria das pessoas conhece-o como o banqueiro do BCP, mas eu gosto mais de o referenciar como ex-editor da Babel e ex-presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, pois foi nessas funções que o conheci pessoalmente, embora o pudesse mencionar também como artista, pois ele teve a generosidade de, há uns anos, nos oferecer um quadro da sua autoria que está na parede maior da nossa casa da Ericeira. Foi, aliás, para saber o que acontecerá realmente à Babel (hoje em decadência absoluta) que abri o livro e o folheei, mas não resisti a investigar igualmente o que sente alguém que descobre numa consulta de rotina que tem Parkinson (e que contempla a possibilidade da eutanásia se um dia se tornar apenas um fardo para os outros); ou como se sobrevive à morte súbita de um filho de 22 anos que não estava doente, sobretudo quando a autópsia é inconclusiva (um filho que era uma espécie de «santo» nas palavras do pai); ou como, depois de se pertencer durante anos a uma instituição como a Opus Dei, se deixa de acreditar em Deus da noite para o dia. O livro não é profundo, fala destas e de outras coisas um pouco ao de leve, pela rama, mas se calhar, para o biografado falar, a condição era capaz de ser não ir muito ao fundo das questões. A capa é que é mesmo esquisita: Paulo Teixeira Pinto parece estar a assustar-nos… e ele, ao que sei e percebo por este livro, é tudo menos agressivo. Escreve o prefácio Pedro Abrunhosa.

20
Nov17

Em Timor

Maria do Rosário Pedreira

Recebi um convite para ir à estreia do novo filme de Luís Filipe Rocha, intitulado Rosas de Ermera; e, como gosto muito do realizador e do seu cinema, não pude faltar. Não era um filme de ficção, como os que vi dele, mas um filme de não-ficção em torno da família de Zeca Afonso, narrado, aliás, pelo seu irmão mais velho (João Afonso dos Santos, com cerca de noventa anos) e a sua irmã mais nova (Mariazinha, a que cheirou as rosas de Ermera, com mais de oitenta). Mas não pensem que é um filme sobre a carreira do Zeca, pois não tem que ver com isso, mas com a separação da família no final dos anos 1930: vivendo em Lourenço Marques, o pai – que era juiz – concorreu a um lugar em Timor. Como no sítio para onde ia, Lahane, não havia liceu, os dois rapazes vieram estudar para Coimbra, e a menina, ainda na escola primária, acompanhou os pais. Ora, quando rebentou a Segunda Guerra Mundial, a ilha de Timor foi invadida por tropas japonesas – e Mariazinha e os pais ficaram impossibilitados de comunicar com o exterior, pelo que durante vários anos João e Zeca não souberam deles e puseram mesmo a hipótese de se terem tornado órfãos. Conhecia mal esta história da ocupação japonesa de Timor e a forma como uma coluna de timorenses se aliou aos japoneses contra o colonizador português. O filme é maravilhoso também pelos seus protagonistas e narradores; mas, como vai fazer itinerância pelo País, vejam se não o perdem nas vossas cidades e, entretanto leiam o livro de João Afonso dos Santos sobre o mesmo assunto, O Último dos Colonos. Às vezes, a realidade supera a ficção.

17
Nov17

Desassossego

Maria do Rosário Pedreira

Ui, esta palavra tem muitos SS e quem anda aos SS anda desassossegado. Ontem começaram em Lisboa os Dias do Desassossego de 2017, esse período do ano em que as ruas da capital se enchem de música, leituras, oficinas, exposições e muito mais à roda da obra de Fernando Pessoa e José Saramago (e não só). A festa decorre até final do mês e, já este fim de semana, estão previstos pelas dez da manhã passeios literários dedicados aos dois escritores, Lisboa de Fernando Pessoa e José Saramago e o Memorial do Convento. No sábado, para quem tiver filhos, a Fundação José Saramago organiza uma oficina de «postais desassossegados» e, para os mais velhos, o lançamento de um livro com 145 poemas de Kavafis, traduzidos do grego por Manuel Resende. E, na semana que vem, há concerto no Teatro Municipal S. Luiz, uma aula, uma conferência, teatro, mesas-redondas, arte urbana... Enfim, o suficiente para nos desassossegar até dia 30, dia em que a Casa Fernando Pessoa faz vinte e quatro anos! Ufa!

 

O programa completo aqui: http://diasdodesassossego.org

 

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