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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

28
Fev18

Chamada para publicação

Maria do Rosário Pedreira

Uma curadora que recentemente se juntou a uma equipa já consolidada do Prémio Literário Oceanos é Mirna Queiroz, a directora da interessantíssima publicação digital Revista Pessoa e uma querida amiga. Numa das suas newsletters, falava de uma editora nova-iorquina que abriu «chamada para publicação». Dirigida por por Meghan Forbes, a Harlequin Creature acaba de lançar uma plataforma online e pretende publicar todos os meses poesia, ficção ou ensaio (especialmente sobre tradução) traduzido de outras línguas (o contrário de quase todas as editoras de língua inglesa!). A ideia é conseguir inéditos interessantes (entrevistas, artigos, seja o que for), que de outro modo nunca chegariam aos leitores de outros países, e divulgá-los para que alcancem um público mais numeroso (o inglês ajuda muito, como sabemos). Em relação à questão digital, ela também permite a publicação de textos mais longos, o que, numa revista em papel, se torna quase sempre impossível e obriga a cortes que fazem frequentemente o texto perder espessura. Mais: a ideia é pagar as contribuições, por isso, havendo alguém interessado, o link aí vai. Who knows? Agradeçam a Mirna e consultem a sua revista, que vale muito a pena.

 

https://harlequincreature.org/   

27
Fev18

Notícias da Folha

Maria do Rosário Pedreira

Leio num jornal sobre outro jornal da mesma língua, embora não do mesmo país. Falo do simpático Folha de S. Paulo, talvez o mais interessante dos jornais brasileiros de grande tiragem e com uma parte cultural de qualidade respeitável. Pois bem: este jornal fez recentemente um comunicado, explicando que deixará em breve de partilhar notícias no Facebook. Estranho, não é? Bem vistas as coisas, nem tanto: ao que parece, aquela rede social resolveu há pouco tempo alterar determinado algoritmo (ou «o» algoritmo) e, desde o início do ano, passou a dar prioridade às publicações de «amigos» em detrimento dos conteúdos ditos noticiosos provindos de agências e jornais profissionais. Entendendo que essa opção favorece claramente a propagação de notícias falsas (estamos todos fartos de saber que os «amigos» muitas vezes acreditam na primeira coisa que lêem aos «amigos» e toca de espalhar notícias não confirmadas, a que acrescentam a própria indignação, emoção que parece um íman e atrai todo o tipo de parvos), a Folha de S. Paulo prefere retirar-se simplesmente da rede social; para mim é pena, pois gostava de os ler quando, por acaso, dava com eles no meu mural. Mas aceito a decisão e fico de olhos ainda mais abertos para perceber até onde o Facebook deseja que nos leve o seu algoritmo...

26
Fev18

Porto febril

Maria do Rosário Pedreira

Sim, as Correntes d’Escritas terminaram, mas hoje estou ainda pelo Norte, no Porto, para o lançamento do novo romance de Isabel Rio Novo, A Febre das Almas Sensíveis, de que aqui falei recentemente e que trata de uma família em que um dos três filhos contrai tuberculose e, muitos anos mais tarde, das explorações às ruínas do desmantelado Sanatório do Caramulo por uma rapariga que «colecciona» escritores tísicos (Júlio Dinis, Cesário Verde e muitos outros apanhados pela febre das almas sensíveis) . A apresentação do livro ficará a cargo do jornalista e radialista João Gobern (e também comentador de Futebol, mas isso interessará pouco para este contexto), que no passado já escreveu, sobre o romance anterior da autora, Rio do Esquecimento, como este finalista do Prémio LeYa. Se estiver pela Invicta apareça!

 

Febre_convite (2).jpg

 

20
Fev18

Correntes 2018

Maria do Rosário Pedreira

E pronto, amanhã lá se inauguram mais umas Correntes d'Escritas que, quando começaram, só tinham um elo ou dois e agora dão voltas e voltas à nossa cabeça (desculpem a metáfora um bocado frouxa com «correntes»). Não perco um destes encontros por nada deste mundo e sempre vou tendo a alegria de todos os anos convidarem autores que publico, sobretudo quando têm livros novinhos em folha para lançar por lá. É o caso, por exemplo, de Isabel Rio Novo, cujo romance A Febre das Almas Sensíveis, finalista do Prémio LeYa, acaba de sair (também haverá lançamento no Porto no dia 26, nos Armazéns do Castelo, ao lado da Livraria Lello, às 18h30). Mas irão igualmente Miguel Real (um repetente) e Paulo M. Morais (um estreante). Além deles, muitos outros autores que não são publicados por mim, portugueses, brasileiros, espanhóis, africanos, latino-americanos, enfim, de Abrãao Vicente a Vítor Quelhas (por ordem alfabética), os convidados são às dezenas, com destaque para o casal espanhol Elvira Lindo + Munõz Molina (um luxo), a conversa inaugural com Luís Fernando Veríssimo, o espectáculo musical e literário de Inácio Loyola Brandão & companhia, e ainda mesas-redondas, lançamentos de livros, sessões de poesia e muito mais. A partir de amanhã e até dia 26, não haverá blogue, lamento. No regresso, contarei tudinho.

 

P.S. Para quem esteja no Porto, no dia 24, sábado, às 17h00, haverá uma sessão do Porto de Encontro dedicada à minha poesia. Se puderem, apareçam.

 

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19
Fev18

Um novo programa de rádio

Maria do Rosário Pedreira

Desde quarta-feira passada, temos na Rádio Renascença um novo programa de livros intitulado A Biblioteca de... cujos autores são a jornalista e escritora Filipa Martins (que acaba de publicar o romance Na Memória dos Rouxinóis na Quetzal) e o editor e especialista em comunicação Rui Couceiro, que já trabalhou em rádio oito anos. Unidos pelo amor aos livros, os dois juntaram-se neste projecto que acontece uma vez por semana, às quartas, pelas 23h00, e dura apenas quinze minutos (mas podia durar outros quinze, porque é bastante bom de ouvir e, mal começa, já quase acabou). Com esta duração, não ouviremos muito sobre a biblioteca dos convidados, é certo, mas a novidade, efectivamente, está em pedir a esses convidados que leiam  pequenos excertos do seu livro preferido (um dos preferidos, vá lá, porque para quem lê muito não é possível eleger só um). No programa de estreia, ouvimos o sempre interessante e querido professor Eduardo Lourenço, que escolheu O Vermelho e o Negro, de Stendhal; e já se perfilam para as sessões seguintes, Aldina Duarte, Rui Veloso e Rita Rato. A música que identifica o programa é de Rodrigo Leão. Vamos ouvir?

 

Eduardo Lourenço A biblioteca de_.jpg

 

16
Fev18

Pensamento emocional

Maria do Rosário Pedreira

«O dia não corre melhor se, antes de sairmos de casa, alguém nos disser umas palavras simpáticas?» Era assim que começava uma pequenina coluna do jornal Público a propósito de um encontro sobre «pensamento emocional» e a importância de trabalhar as emoções com os alunos, especialmente se oriundos de meios desfavorecidos e violentos, antes de tentar o evidentemente difícil sucesso escolar. Os professores de algumas escolas reuniram-se para trocarem ideias sobre a matéria, e uma das intervenientes – professora num agrupamento em TEIP (ou seja, Território Educativo de Intervenção Prioritária – as coisas que eu aprendo) – explica que trabalha com pessoas excepcionais e que numa escola problemática o campeão de kickboxing, filho de uma cigana e de um negro, Miguel Reis, dá aulas à miudagem e ensina a trabalhar as emoções de forma física (provavelmente, a libertar a agressividade desportivamente, e não em cima do colega do lado). Não conheço os resultados práticos deste trabalho, mas parece-me que, se as pessoas estiverem de facto mais contentes consigo mesmas, terão mais sucesso, na escola e no trabalho. Não devia era ser preciso debater isto, mas, enfim, sabemos como os problemas de indisciplina se têm multiplicado nas escolas e, por isso, não deve ser fácil aos professores e auxiliares educativos andarem a fazer elogios a alunos  que, provavelmente, preferiam ver pelas costas. Mesmo assim, é bom termos isto sempre presente: uma palavrinha simpática para o outro todos os dias vai fazer dele uma pessoa melhor. E de nós também.

15
Fev18

Pessoa em Madrid

Maria do Rosário Pedreira

Parece que o grande Fernando nunca terá ido a Madrid, mas Madrid agora tem Fernando e muito mais para mostrar. Trata-se de uma exposição no Museu Reina Sofía intitulada  Pessoa. Toda a Arte É Uma Forma de Literatura, título, de resto, arrancado a um dos heterónimos do mestre, desta feita o meu preferido, Álvaro de Campos. Sabe-se que os espanhóis (pelo menos, os mais cultos) conhecem a poesia de Pessoa, mas não estarão tão familiarizados com os artistas seus contemporâneos, alguns dos quais amigos próximos do escritor ou figuras presentes nas tertúlias do Martinho da Arcada e da Brasileira. Ao que sei, a exposição recebe os visitantes à entrada com o famoso retrato de Pessoa por Almada Negreiros, que também é autor de quadros sobre os três heterónimos mais conhecidos. E não faltará o grandíssimo artista Amadeo de Souza-Cardoso, ou as obras de António Carneiro, Abel Manta, Eduardo Viana, Mário Eloy, Júlio, Santa-Rita Pintor e, bem entendido, o casal Delaunay. Tudo combinado com os desenhos e as cartas de Teixeira de Pascoes, as outras cartas (astrais) do próprio Pessoa, fotografias do poeta e capas das famosas revistas para as quais escreveu que, por vezes, são outras obras de arte. O Museu espera, naturalmente, um público maioritariamente espanhol, mas parece-me que não faltarão portugueses para a visitar, assim o tempo e as finanças permitam.

14
Fev18

A arte da vida

Maria do Rosário Pedreira

Sinto-me sempre feliz quando mergulho num livro de um jovem autor e descubro nele coisas que, apesar de séculos de escrita, cheiram a novo. Desta vez passou-se com a argentina María Gainza, cujo O Nervo Ótico, muito elogiado por Vila-Matas, está desde ontem à venda. María Gainza é, na origem, crítica de arte e, quando escreve no seu romance sobre as vidas incríveis de El Greco, Courbet, Fujjita ou Toulouse-Lautrec, sobre o banquete que Picasso ofereceu em honra de Henri Rousseau entre a admiração e a troça, ou sobre as misteriosas razões por que Rothko se recusou a entregar ao luxuoso Four Seasons uma encomenda milionária, está também a falar do hospital em que o marido fez quimioterapia e onde uma prostituta andava de quarto em quarto, da decadência da sua própria família em Buenos Aires, do desaparecimento precoce de uma amiga, do desconforto da gravidez ou até do pânico de voar. Como num museu – lugar que, aliás, frequenta regularmente à maneira de uma sala de primeiros-socorros –, a sua vida tem obviamente obras-primas, mas também pequenos quadros escondidos em corredores escuros e estreitos. E, no entanto, todos eles importam. O Nervo Ótico é um livro de olhares: olhares dirigidos a pinturas e a quem as contempla. Singular e inclassificável, celebra o detalhe e inaugura um género literário no qual confluem, de forma absolutamente perfeita, a história da arte e a crónica íntima, num tom que oscila entre a comédia social e a ironia trágica. Traduzido por grandes editoras em todo o mundo, esta pequena obra de estreia, tão depressa ousada como subtil, apresenta-nos sem qualquer dúvida uma grande escritora contemporânea.

 

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12
Fev18

Almas sensíveis

Maria do Rosário Pedreira

Portugal, primeira metade do século XX. Entre os males que assolam um país isolado e retrógrado, a tuberculose ressalta como uma das principais causas de morte. Ainda sem recursos farmacológicos para a combater, os médicos recomendam o internamento em sanatórios instalados em zonas de altitude. Na serra do Caramulo, outrora uma região pobre e agreste, cresce uma estância sofisticada. É para lá que irá o jovem Armando, uma das personagens centrais deste livro que, com a sua família, atravessará o enredo de A Febre das Almas Sensíveis, o novo romance de Isabel Rio Novo, acabadinho de sair. Mas dele faz também parte uma rapariga que investiga escritores que sofreram de tuberculose  – Soares de Passos, Júlio Dinis, António Nobre...  – e um misterioso manuscrito encontrado nas ruínas do Caramulo. Combinando o registo histórico e a toada fantástica que produziram a magia de Rio do Esquecimento, neste seu novo romance, mais uma vez finalista do Prémio LeYa, Isabel Rio Novo recupera a memória de uma doença que marcou a sociedade de uma época e o nosso imaginário romântico.

 

A Febre das Almas Sensíveis.jpg

 

 

09
Fev18

Cérebros afins

Maria do Rosário Pedreira

Gosto de ter afinidades com outras pessoas e sinto que ter os mesmos interesses facilita a empatia e favorece a amizade. Mas tenho também amigos que pensam de maneira completamente diferente de mim – em termos políticos, por exemplo – sem que isso afecte a nossa relação, e a maioria dos meus amigos mais próximos não trabalha sequer na minha área de actividade, bem pelo contrário, embora quase todos gostem de ler. Sobre isto de os amigos terem coisas parecidas e diferentes de nós, leio um artigo super-interessante no Público a propósito de um estudo científico publicado na revista Nature Communications, que revela que os amigos reagem ao mundo de forma muito semelhante e que isso se vê nos respectivos cérebros. Uau! A amostra foi recolhida numa universidade em que os estudantes disseram quem eram os seus amigos e foram postos numa sala a ver vídeos de política, ciência, música e muito mais. As reacções dos cérebros eram vigiadas através de ressonâncias magnéticas funcionais e, tratando-se de amigos, eram exactamente as mesmas (o artigo diz «excepcionalmente similares»). Segundo a revista, estes resultados permitem prever se duas pessoas são amigas e ter uma noção da distância social entre elas. E esta, hein?

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