O que ando a (re)ler
Pois é: mentiria hoje se vos trouxesse leitura nunca vista, porque o que aconteceu explica-se facilmente. Fui ao gabinete da minha colega editora Cecília Andrade e vi em cima da sua mesa dois ou três exemplares de um livro acabadinho de chegar da gráfica, uma novíssima edição de Se numa Noite de Inverno Um Viajante, do grande Italo Calvino. E, vendo ela que eu me interessava, deu-me um deles para eu, no fundo, somar ao que já tinha na estante – mas este é muito mais legível e tem uma capa bastante mais atraente. Chegada a casa, tirei-o do saco e folheei-o; e, pronto, aconteceu o que sempre acontece com Calvino (o escritor italiano): agora já não vou conseguir largá-lo. É que este romance feito de princípios, que aproxima duas criaturas, homem e mulher, ambos curiosos sobre a sequência das histórias, é mesmo um vício; e, se já falei aqui dele (acho que, pelo menos, o terei de feito de raspão, já não me recordo), a verdade é que nunca é demais relembrar os Extraordinários que o texto desta noite de Inverno é mesmo ideal para ler no Inverno, e não só, tanto faz se em viagem ou não. Viciante.