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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

30
Abr19

As cidades e os livros

Maria do Rosário Pedreira

Quem gosta de livros e de ler (bibliófilos e leitores, duas espécies que têm cada vez menos adeptos, segundo os números de vendas de livros em todo o mundo) gosta também seguramente de visitar cidades onde haja bons alfarrabistas, bonitas livrarias e bibliotecas de sonho, e de espiolhar todos os cantinhos destes lugares sem se preocupar com as horas e as dores nas cruzes. Mas também pode preferir escolher como destino cidades onde se passa a acção de alguns dos seus romances preferidos, como, por exemplo, a Sampertersburgo das obras-primas de Dostoievski, a Oxford de Todas as Almas de Javier Marías, a Barcelona de A Sombra do Vento, a Tenerife da escpadinha de Terapia, de David Lodge, ou a Nápoles da tetralogia de Elena Ferrante. E, claro, pode ainda optar por cidades onde viveram os seus autores favoritos e vasculhar os sítios onde estes escreveram as suas obras mais emblemáticas: entrar nas suas casas ou gabinetes, ver como eram as suas secretárias e cadeiras, as suas máquinas de escrever ou, tratando-se de alguém mais antigo, as suas pranchas de escrita, os seus tinteiros, penas e mata-borrões. E até ir ao lugar onde estão enterrados, uma coisa algo mórbida que eu, por exemplo, já fiz com William Butler Yeats em Sligo, na Irlanda, e Joseph Brodsky no cemitério de San Michele, numa ilha de Veneza. Cada amante da leitura terá uma cidade que quer ir visitar por causa de um livro que leu ou do seu autor, mesmo que frequentemente, lá chegando, se desiluda com a cidade real.

29
Abr19

Fora da Casa

Maria do Rosário Pedreira

Leio algures que as instalações da Casa Fernando Pessoa, na Rua Coelho da Rocha, em Lisboa, estão em obras de remodelação. Mas não é por haver trabalhos que param os trabalhos, porque todos os sítios são bons para celebrar a obra do multifacetado poeta, e no Dia do Livro, por exemplo, leram-se textos de Ricardo Reis no topo do edifício do Centro Comercial das Amoreiras, que é um belo miradouro. E amanhã haverá – ainda fora da casa, claro, mas noutro sítio bastante recomendável, as Galerias Municipais nos jardins do Museu de Lisboa – mais um acontecimento que promete ser bem interessante: um colóquio, com coordenação de Maria Andresen e Fernando Cabral Martins, dedicado à poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, de quem este ano se comemora o centenário do nascimento, e aos vestígios de Pessoa na respectiva obra. Dizem que todos os poetas portugueses pós-Pessoa têm algo de pessoano, mas será mesmo assim? Talvez os conferencistas nos dêem a resposta. Eles são Fernando J. B. Martinho, Gastão Cruz, Golgona Anghel, Joana Matos Frias, Margarida Braga Neves e Ricardo Marques. Haverá ainda leituras por Nuno Moura e Madalena Ávila.

26
Abr19

Crónica (e ainda o 25 de Abril)

Maria do Rosário Pedreira

Hoje é dia de crónica e, portanto, aí vai o link:

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/13-abr-2019/interior/nem-tanto-a-terra-10785058.html

 

Aproveito para dizer que as comemorações do 25 de Abril não se cingem obviamente a Lisboa, e que na Biblioteca Municipal de Setúbal a historiadora Irene Pimentel, vencedora do Prémio Pessoa, vai apresentar no dia 30, às 14h30, o seu livro Os Cinco Pilares da PIDE, que ensina o que a escola não ensina, para que não se repitam os males.

24
Abr19

25 de Abril

Maria do Rosário Pedreira

Amanhã é 25 de Abril, uma das mais importantes e decisivas datas para Portugal, e também para mim, pois mudou a minha vida de muitíssimas maneiras (estou até convencida de que, sem a Revolução, provavelmente não teria chegado a ser editora, mas agora não vale a pena explicar porquê, pois demoraria muito tempo). As comemorações aqui em Lisboa são variadas, até porque 45 anos merecem festa sem fim, e vai haver actividades nos Paços de Concelho, no Jardim Mário Soares (ao Campo Grande), nas Biblliotecas Municipais (um ciclo de conversas sobre as questões LGBT), na Estação de Metro Baixa-Chiado (a exposição das fotografias do 25 de Abril de Alfredo Cunha), no Cinema S. Jorge e no Museu do Aljube. Música (Fausto canta já hoje à noite na Praça do Comércio), teatro, apresentações de livros, um festival de política, performances e debates, haverá de tudo por estes dias para celebrar esta maravilhosa data a que o escritor Miguel Real chamou «um rasgão no tempo». E foi. Não querendo pôr o pé fora da porta, pode sempre ler um livro livremente, sem censuras. Essa foi também uma benesse que a Revolução dos Cravos trouxe. Até sexta.

23
Abr19

Dia do Livro

Maria do Rosário Pedreira

Hoje é Dia Mundial do Livro e não há melhor maneira de o comemorar do que lendo livros a sério. E aqui em Portugal, que nunca tivemos grandes hábitos de leitura, podemos aprender com um país que, igualmente pequeno, premeia quem lê. E como?, perguntarão os Extraordinários. Pois bem, conto-vos tudo. Durante o dia de hoje, em toda a Holanda, os transportes públicos são gratuitos para os passageiros que mostrarem um livrinho ou vierem a ler. Os caminhos-de-ferro holandeses fazem isto desde 1932, encorajando a leitura nos comboios e estendendo a gratuitidade do bilhete a um fim-de-semana inteirinho. Mais: o governo encomenda um livro a um autor holandês conhecido e oferece-o a todos os que, nesta data, vão às livrarias e compram livros; e depois, na bilheteira das estações de comboio, basta a um passageiro apresentar esse livro oferecido para ter um bilhete de borla. Em Espanha e Portugal as livrarias oferecem rosas no Dia Mundial do Livro, mas bem que podia haver ideias mais compensadoras; afinal, as rosas murcham rapidamente. Vivam os livros!

 

22
Abr19

Arte extraordinária

Maria do Rosário Pedreira

Hoje, que estamos todos a meio gás, vindos de um fim-de-semana de três dias e quiçá de comezainas em família e viagens longas, não estou com grande imaginação para posts; e, como sei que muitos dos leitores deste blogue nem sequer trabalham nesta segunda-feira (no Norte, pelo menos, é costume fazer-se gazeta na segunda de Páscoa), vou então tirar um coelho da cartola e mostrar-vos como alguns dos Extraordinários comentadores das Horas Extraordinárias são, de facto, criativos e generosos. É o caso de Fernando Costa, que já foi assíduo, deixou de o ser e voltou a sê-lo (o que muito me honra) e que há uns tempos me enviou o delicioso desenho que aí abaixo vêem (e um outro parecido). Baseando-se na minha fotografia que aparece junto das crónicas que escrevo para o Diário de Notícias, uma belíssima caricatura minha – que não só me faz mais nova e mais magra como também me põe com ar de estudante, com uma roupa muito semelhante a um traje académico. Obrigada, Fernando Costa. E volte sempre.

 

MRPa.jpg

 

17
Abr19

Galveias

Maria do Rosário Pedreira

O romance Galveias, de José Luís Peixoto, de que já aqui falei quando saiu e de que gostei mesmo muito, venceu o maior prémio de tradução do Japão, depois de ter sido nomeado como um dos cinco finalistas, ao lado de obras de Wu Ming-yi, William Gaddis, Han Kang e Richard Flanagan. A tradutora, Maho Okazaki Kinoshita, que esteve em Galveias e foi fotografada com algumas das pessoas que lá moram (quiçá algumas delas personagens do livro que traduziu), está de parabéns – ela que, segundo li, nunca pensou ser alguma vez nomeada para um prémio desta importância e estava receosa de, na sua língua, não ter conseguido plasmar a diversidade e riqueza das figuras e do mundo criados por José Luís Peixoto. A cerimónia de entrega decorre a 27 deste mês em Tóquio. Galveias é o primeiro livro português a receber esta distinção e, desde que saiu em japonês, em Agosto de 2018, pela prestigiada editora Sinchosha, esteve no Top de vendas da mais prestigiada livraria japonesa entre muitas obras traduzidas. Parabéns também ao autor, que escreveu um romance profundamente original que conseguiu atravessar as fronteiras e transformar-se num texto igualmente belo nesta língua tão diferente da nossa.

16
Abr19

Bichos e leitores

Maria do Rosário Pedreira

Quem me conhece sabe que eu não sou muito apegada a animais, mas, pronto, uma causa justa é uma causa justa. A Animais da Rua, uma associação que cuida de animais que andam por aí perdidos e abandonados nas nossas ruas, junta-se à literatura portuguesa e, por sugestão de Richard Zimler, organiza entre os dias 20 e 30 deste mês (celebrando o Dia Mundial do Livro), um leilão literário. Cerca de 70 autores (eu incluída) ofereceram aproximadamente cem livros autografados, destacando-se do conjunto uma preciosidade, Cristãos de Vanguarda, obra fora de mercado de valter hugo mãe e João Gesta, com duas ilustrações  do primeiro dos autores citados. Esta obra será objectivo de um leilão separado nos dias 21 e 22 e, a partir de dia 23, poderá então habilitar-se a obras de Alice Vieira, Afonso Cruz, Filipa Leal, Joel Neto, Rui Lage, João de Melo, Hugo Mezena, Joana Bértholo, e muitos, muitos outros. Todos os livros trazem marcador da ilustradora Inês Veloso, por sua vez oferecido por uma empresa chamada Carregal. Se está interessado em participar, consulte os procedimentos aqui:

https://www.facebook.com/animaisderua/

 

15
Abr19

O regresso às raízes

Maria do Rosário Pedreira

Hoje venho falar-vos de um projecto que tem que ver com o ambiente e cuja divulgação me foi proposta por uma ONG dedicada à conservação da natureza. Aceitei sobretudo por ter uma ligação com a escrita. Pois bem, trata-se do #MedStoryPrize, o primeiro concurso internacional de contos dedicados à cultura do Mediterrâneo que apoia uma campanha que dá pelo nome de Rooted Everyday (ou, por cá, o Retorno às Raízes) para consciencializar o público da herança mediterrânica, pondo-a a salvo da ameaça de extinção de animais de plantas. As estórias devem ser sobre fauna, flora, temas e pessoas que valorizem a riqueza desta região. A participação é gratuita e destina-se a crianças a partir dos 7 anos (divididas em dois grupos: dos 7 aos 13 e dos 14 aos 18) e adultos naturais ou residentes em Portugal, Espanha, Marrocos, Grécia ou Líbano. Os vencedores e finalistas terão as suas estórias publicadas num e-book internacional. Para saber tudo sobre o concurso, visitem o site https://www.rootedeveryday.org/enter-pt/#s_2  ou enviem e-mail para rrodrigues@natureza-portugal.org. E pronto, lá fiz um post sem ter muito trabalho, mas com esperança de que dêem à pena e concorram. Para ajudar o nosso lindo Mediterrâneo, que infelizmente se está a tornar mais famoso pelas coisas tristes do que pelas imensas belezas naturais que possui.

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