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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

31
Out19

Crónica e nada a dizer

Maria do Rosário Pedreira

Como amanhã é feriado (e que bom um feriadinho à sexta!), deixo hoje o link da crónica:

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/19-out-2019/os-sapatos-de-deus-11416791.html

 

Estou a caminho do Porto para uma reunião e por isso não consegui dar-vos mais nenhum bónus. Quero, porém, dizer que, sobre a questão do Prémio LeYa com que os Extraordinários decidiram ontem inundar este blog, dei uma entrevista ao escritor e jornalista Bruno Vieira Amaral para a revista Ler há uns anos e isso é tudo o que tenho a dizer. Por isso, nem comentei, nem respondi a comentários, nem o voltarei a fazer. Quero que saibam, mesmo assim, que este ano, dos sessenta e picos originais que me chegaram via email de autores desconhecidos que consegui espreitar não encontrei um só que se aproveitasse . É muitíssimo mais difícil encontrar um bom livro do que as pessoas supõem. Bom fim-de-semana.

 

30
Out19

Maturidade literária

Maria do Rosário Pedreira

O Prémio Literário José Saramago, que foi  criado para homenagear o nosso único Nobel da Literatura em 1998, é entregue a romances já publicados escritos por autores que, até recentemente, não podiam ter mais de 35 anos (como, aliás, é o caso de Afonso Reis Cabral, que tem 29 anos). Porém, estava a ficar difícil encontrar ficção de qualidade em escritores que estivessem dentro dessa baliza etária; e, tal como já acontecera no Prémio Agustina Bessa Luís (que é para revelar novas vozes literárias), o limite passou para os 40 anos. Sobre as razões que podem estar na origem do vazio literário em gente mais nova, eis um artigo muito interessante de Sérgio Almeida publicado no JN no link abaixo (e não digo que é interessante por ter dado também as minhas opiniões). A ler, portanto.

https://www.jn.pt/artes/especial/onde-estao-os-novos-ficcionistas-portugueses-11446210.html?fbclid=iwar2q_yyonl9mnxrhi5rfk01b-dlvvns4mekalfruggdg7ufisk1uuwas8vk

 

29
Out19

O nada que é tudo

Maria do Rosário Pedreira

A ida ao Brasil correu bem; fora, claro, o cansaço, a falta de sono e confusão de horas, tanto mais que regressei no dia a seguir à mudança da hora em Portugal e isso gerou mesmo uma estranheza. Na Bahia, ouvi falar autores, folheei alguns livros, conheci poetas, mas, ironicamente, uma das coisas boas da viagem foi o romance de um escritor austríaco, Robert Seethaler, que levei para ler no avião, do tamanho ideal para «papar» numa viagem de oito horas (li 80 páginas à ida e o resto à vinda). Chama-se Uma Vida Inteira, e a grande proeza do autor é fazer de uma vida em que pouco acontece um livro absolutamente maravilhoso, embora muito triste. Uma Vida Inteira foi Livro do Ano na Alemanha e finalista do Man Booker International Prize, tendo sido traduzido em mais de trinta línguas e elogiado por grandes escritores do mundo, como Margaret Atwood ou Ian McEwan. Conta a vida de um homem que se cruza com alguns dos episódios mais importantes da história do século XX (combate na Segunda Guerra Mundial e fica alguns anos num campo de prisioneiros da União Soviética) e arrasta toda a sua vida um amor que mereceu e perdeu e foi talvez a única coisa positiva da sua existência. Em certas coisas, fez-me lembrar a solidão de Stoner e a paisagem de Oito Montanhas. É mesmo muito bonito.

28
Out19

Os livros de Smith

Maria do Rosário Pedreira

O jornal britânico The Guardian é um manancial de informação cultural e, há mais ou menos duas semanas, publicou as respostas a um questionário que dirige regularmente a escritores conhecidos, desta feita dadas por Patti Smith, escritora e cantora de gabarito internacional (não há muito esteve cá em Lisboa para um concerto que, evidentemente, esgotou assim que os bilhetes foram postos à venda). As perguntas (como no famoso Questionário de Proust) costumam ser as mesmas para qualquer escritor, mas, como é normal, as respostas variam bastante. Neste caso, são até surpreendentes: Patti Smith diz, por exemplo, que o livro que gostaria de ter escrito era Pinóquio; que a obra que a fez querer ser escritora foi Mulherzinhas (em especial a personagem Jo March); que o livro que mais influenciou a sua escrita foi Diário de Um Ladrão, de Jean Genet; e que ficou com tanta ansiedade enquanto lia O Príncipe e o Pobre, de Mark Twain, que até vomitou. Chorou com Charlotte Brontë e riu com César Aira; e envergonha-se de nunca ter lido O Homem sem Qualidades, de Robert Musil. A sua cabeça foi virada do avesso por O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse. Há mais, claro, mas o melhor é ir lá conferir.

24
Out19

Flica e vai

Maria do Rosário Pedreira

Mais daqui a pouco vou apanhar um avião para Salvador da Bahia, e a seguir um transporte de quatro rodas até Cachoeira, uma cidadezinha que fica a duas horas da capital baiana, para participar na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) organizada pela poetisa Kátia Borges. A minha mesa, na qual estarei com o poeta Antônio Brasileiro e a moderadora Mônica Menezes, é amanhã ao fim do dia e chama-se «Estratégias do Eu lírico, esse eterno fingidor». Volto sábado à noite, vai ser um estoiranço absoluto; mas deixo-vos amanhã o link da crónica, como de costume. Hoje, regressa a Santiago do Cacém o ciclo Viver (Com) a Escrita, que há vários anos tem levado diversos autores para contactarem directamente com alunos do Concelho. Desta feita, o convidado é Rui de Almeida Paiva, que lançou recentemente Quem Vem Lá, pela Editorial Caminho, livro que a autarquia (responsável pela organização deste projecto) adquiriu e ofereceu aos alunos envolvidos na sessão. este ciclo conta com a parceria da Livraria A das Artes e da Rádio M 24. Hoje também começa a 30ª edição do Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada. A quem interessar.

23
Out19

Nada original

Maria do Rosário Pedreira

Aqui há tempos, a Sociedade Portuguesa de Autores anunciou a sua parceria com o canal de televisão SIC num programa dedicado à cultura. A coisa prometia: não só porque os participantes eram de gabarito – Dulce Maria Cardoso, Rui Vieira Nery e Carlos Fiolhais, moderados pela ex-editora e hoje proprietária da Livraria-Bar Menina e Moça, Cristina Ovídio –, como também seria transmitido na noite de sexta-feira com retransmissão em outros canais da estação (SIC Notícias, SIC Mulher...). Original é a Cultura, assim se chama o dito programa, já começou há umas três semanas e tem duração de cerca de 40 minutos, abordando temas actuais, ao que parece escolhidos entre os muitos sócios da Sociedade Portuguesa de Autores, e convidando pontualmente um especialista na matéria. Vi o programa de estreia no computador uns dias mais tarde (como quase não ligo a televisão, deixei-o passar e só dei por isso na semana seguinte) e, apesar de Dulce Maria Cardoso estar bastante rouca, gostei imenso e achei o nível bastante bom. O problema é que todas as semanas há uma qualquer razão para a emissão ser mais tarde do que na anterior e verifiquei que na sexta passada o horário previsto era às 2h45… E querem que as pessoas se cultivem? Ora bolas, nem vale a pena dizer mais nada.

22
Out19

Em extinção

Maria do Rosário Pedreira

O jornal The Guardian trazia uma advertência para aqueles que estão em vias de escolher um curso ou um ofício, o de não optarem por uma série de profissões que estão em extinção. Algumas destas foram evidentemente tornadas obsoletas pelo aparecimento e a difusão em larga escala da tecnologia digital – quem é que hoje, por exemplo, manda revelar fotografias? – ou substituídas por máquinas «inteligentes» (as pessoas já podem pagar a conta do supermercado sem passar pela caixa, usando o leitor do código de barras, e nos casinos parece que as fichas das slot machines já são «cuspidas» por um dispensador); mas houve actividades que, infelizmente, desapareceram porque não houve jovens que se interessassem por elas (o trabalho nos teares é uma delas) ou porque já não fazem simplesmente sentido: quando se estraga um móvel, custa se calhar mais caro mandá-lo arranjar do que ir ao IKEA comprar um novo. A insegurança também acabou com coisas como as vendas porta-a-porta, e as câmaras de vídeo instaladas por todo o lado e os intercomunicadores dispensaram muitos detectives e porteiros. Mas foi a invenção da aldeia global, combinada com a disponibilização de toda a espécie de serviços online, a principal responsável por muitas profissões se encontrarem em extinção: os solicitadores, os agentes de viagens, as dactilógrafas, as telefonistas, os carteiros, os guarda-livros, os contabilistas… Hoje podemos fazer quase tudo sozinhos, desde que tenhamos um computador. Mesmo publicar livros, claro. O editor mais cedo ou mais tarde entrará na lista.

21
Out19

Jorge e Josélia

Maria do Rosário Pedreira

A organização de um festival internacional como o Folio, em Óbidos, tem várias vantagens que ultrapassam as sessões in loco; e uma delas é o facto de muitos autores estrangeiros visitarem Portugal e poderem dar entrevistas e fazer sessões sobre a sua obra e a sua carreira. Este ano esteviveram cá escritores de todas as latitudes e, como referi na semana passada, também vários autores do país-irmão. Aos que referi na semana passada, junto agora a bahiana Josélia Aguiar, que foi durante dois anos a curadora da famosíssima FLIP (Festa Internacional do Livro de Paraty) e é, entre outras coisas, jornalista (correspondente da Folha de S. Paulo em Londres), sendo atualmente directora da Biblioteca Mário de Andrade. Mas a razão por que cá está é tão simplesmente o facto de ser a autora de uma biografia de Jorge Amado que Itamar Vieira Júnior (o mais recente vencedor do Prémio LeYa) teve a linda ideia de me oferecer quando esteve em Portugal (obrigada!) e que a D. Quixote publicou em Portugal neste Verão. José Carlos de Vasconcelos, que conheceu e privou com o escritor Jorge Amado, vai conversar com Josélia Aguiar amanhã na Fundação José Saramago. O moderador é Ricardo Viel. Apareça!

Jorge Amado.jpg

 

18
Out19

Crónica & Avis

Maria do Rosário Pedreira

Hoje é dia de crónica. Aí vai o link:

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/05-out-2019/de-poucas-palavras-11367036.html

Hoje é também dia de começar mais um encontro de escritores, muito justamente chamado Escritos & Escritores, que acontece anualmente em Outubro em Avis, no Alentejo, e dura três dias. Diz quem já lá foi que vale muito a pena. Eu ainda não consegui, pois esta é uma época muito complicada para um editor. Mas divirtam-se se puderem lá ir.

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