Este é o ano de todos os aniversários, e é também o centenário de Fernando Namora, o médico-escritor de grande sucesso, autor de livros adaptados à televisão como Retalhos da Vida de Um Médico, condecorado postumamente pelo nosso presidente da República no dia da abertura da Festa do Livro em Setembro passado, escritor cuja obra extensa está de momento a ser republicada pela Editorial Caminho. Ele é objecto de uma exposição patente no Museu do Neo-Realismo, “e não sei se o mundo nasceu” Fernando Namora 100 anos, e nos dias 24 a 26 de Outubro será o tema de um congresso que decorrerá na Faculdade de Letras de Lisboa (24), no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira (25) e, por fim, na Casa-Museu Fernando Namora em Condeixa (26) com vários participantes de muitas áreas. A inscrição é obrigatória. O programa está no link abaixo. Ide ler os seus livros.
Conheci o escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa em Brasília, no ano de 2010, num encontro sobre o futuro da língua portuguesa; e, na altura, ele confidenciou-me que tinha um romance concluído. Chamava-se O Novíssimo Testamento e foi o primeiro de sua autoria que publiquei na Dom Quixote. Uns anos mais tarde, chegava-me à mão, já com um prémio em cima, Biografia do Língua que, no ano seguinte, arrecadaria também o Prémio do P.E.N. para Narrativa. Estamos a apresentar hoje, na Livraria da Travessa, em Lisboa, às 18h30, o seu terceiro romance na Dom Quixote, O Diabo Foi Meu Padeiro, que fala sobre um assunto que interessará a muitos portugueses: o campo de concentração do Tarrafal. Publicado 45 anos depois do encerramento dessa terrível prisão, este é um romance que evoca todos os prisioneiros que por lá passaram... e também os carrascos, porque é fundamental lembrar para não repetir. A apresentação estará a cargo de João Soares. Apareçam.
O Brasil está todo às avessas! E o pior é que os ignorantes tomaram o poder e a sua luta contra os intelectuais já se faz censurando livros e proibindo que estejam em feiras e festivais obras que tratem de certas temáticas ou sejam assinadas por adversários do governo de Bolsonaro. Bem, o presidente brasileiro já disse que não assinava o diploma do Prémio Camões dado ao grande Chico Buarque, que, como lhe competia, respondeu que essa não assinatura de Bolsonaro era, para ele, um segundo Prémio Camões. Hoje, na Livraria da Travessa, às 18h30, vai certamente falar-se disto, da Amazónia e de muito mais que está acontecendo no país irmão num encontro entre os escritores brasleiros Joca Reiners Terron (de quem publiquei um livro maravilhoso chamado Do Fundo do Poço Se Vê a Lua, leiam, leiam) e Carola Saavedra, com moderação da escritora e jornalista portuguesa Isabel Lucas. Apareçam.
Sérgio Godinho, um dos maiores escritores de canções que temos em Portugal (se não for mesmo o maior de todos), acaba de ser contemplado com o Prémio Pedro Osório, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores, pelo CD Nação Valente. Mesmo tendo já publicado livros de ficção (contos e romance), na minha humilde opinião, aquilo que é decididamente a sua obra-prima são as canções, com um estilo muito pessoal e inimitável que, mesmo para quem as queira cantar no duche, se tornam dificílimas. Parabéns, Sérgio Godinho! O prémio será entregue no início 2020.
Já ouvi muitas vezes José Eduardo Agualusa elogiar o seu amigo Mia Couto – e só não ouvi Mia Couto fazer o mesmo porque, na verdade (por infelicidade minha, bem entendido), não foram assim tantas as vezes que pude ouvir Mia Couto, apesar de já o ter ouvido algumas, mas com um tema fixo que não lhe permitia estar a mencionar o confrade. Sabia, porém, que são dois escritores que se gostam (o que é cada vez mais raro num mundo muito concorrencial) e, como tal, não fiquei demasiado admirada com a proposta de um livro assinado por ambos. Dá pelo nome de O Terrorista Elegante (só o título já é bom), publica-o a Quetzal e foi apresentado ontem em Lisboa no Teatro da Comuna, numa sessão conduzida pela jornalista Anabela Mota Ribeiro e na qual o actor Miguel Sermão leu excertos. Hoje haverá outra sessão na Livraria da Travessa, ao Príncipe Real; amanhã será a vez da FNAC-Chiado; e, no Porto, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett recebe os dois autores para um Porto de Encontro no dia 13, às 17h. Eu cá estou curiosa com este livro. Quando o ler, aviso.
Publico, como bem sabem os leitores deste blogue, sobretudo livros de autores portugueses; mas de vez em quando dá-me para publicar uma tradução. Por isso, gosto de escolher tradutores que não me vão dar trabalho a ler e reler e corrigir e emendar. Trabalho com um grupinho pequeno e, há um ano e tal, juntei-lhe o Paulo Rêgo, que traduz da língua alemã. Foi quando decidi publicar um romance de Sasha Marianna Salzmann, uma rapariga russa que foi viver para a Alemanha em pequenina e que é conhecida também pelo seu trabalho na área do teatro. Chama-se esse romance Fora de Si e considero-o um dos melhores livros estrangeiros que alguma vez publiquei (não o resumo aqui porque escrevi sobre ele a altura da publicação, basta procurarem). Tenho pena de que não tenha sido mais lido, sobretudo por ter uma primorosa tradução. E não sou só eu que o acho, porque a Associação Portuguesa de Tradutores acaba de anunciar que Paulo Rêgo recebe este ano o Prémio de Tradução pelo seu trabalho neste livro! Parabéns, Paulo, obrigada por mais uma boa notícia esta semana. Mais logo, pelas 18h00, na Sociedade Portuguesa de Autores, lá estarei para ver o tradutor receber o galardão. Venham também.
Depois da magnífica notícia de ontem, a da atribuição do Prémio Literário José Saramago, da Fundação Círculo de Leitores, a Afonso Reis Cabral pelo romance Pão de Açúcar, podemos dizer que hoje é seguramente um bom dia para o autor. Não bastando o galardão, é dia de lançamento de Leva-Me Contigo, a sua obra mais recente, em que relata a odisseia de 24 dias a pé através de Portugal, ora debaixo de chuva, ora debaixo de um calor louco, pela mítica Estrada Nacional 2. Logo à noite, pelas 21h00 (a hora é boa para dar tempo ao Afonso de descansar depois da "festa" de ontem), na Livraria Ler Devagar, no LxFactory, Francisco José Viegas, que pré-publicou na revista Ler um excerto deste livro, vai apresentá-lo, e o cantor Caio vai brindar-nos com algumas canções que servem de banda sonora a um documentário sobre esta viagem. Contamos consigo para dar os parabéns ao jovem autor, quer pelo prémio de ontem, quer pela caminhada de há uns meses, quer pelos seus livros! Apareça.
Sob o signo de «O Tempo e o Medo», abre no próximo dia 10 de Outubro o FOLIO, um festival literário que tem lugar uma vez por ano em Óbidos e é em 2019 conduzido pela jornalista Ana Sousa Dias. Teremos alguns autores estrangeiros (quero muito ir à sessão com Donald R. Pollock, autor do brutal Sempre o Diabo, que vem lançar um novo título), alguns dos quais vêm a Portugal pela primeira vez, como a turca Ece Temelkuran ou a italiana Elena Varvello, outros repetentes, como Marina Perezagua ou Mathias Énard. Os escritores de língua portuguesa também não faltarão: José Eduardo Agualusa, Valter Hugo Mãe, Joca Reiners Terron (de quem publiquei em tempos um romance incrível chamado Do Fundo do Poço Se Vêa Lua), Lídia Jorge ou Ricardo Araújo Pereira. Haverá, como é costume, momentos musicais, desta feita com os Danças Ocultas, Cristina Branco, Diabo na Cruz e outros. O Folio Educa e o Folio Ilustra compõem a programação, que pode ser consultada no link abaixo. Dura até dia 20. Vão e divirtam-se.
Um dia destes, na editora, vi que estava um papel no chão, dobradinho em quatro, e apanhei-o, tentando perceber se era alguma coisa importante e a quem pertencia. Dizia, numa das faces, «Encadernador» em letra manuscrita, seguido de um número, que parecia de um telefone. Do outro lado, facilmente se percebia que era um bocado de um velho e-mail, ou seja, tratava-se e alguém que «reciclava» papel para escrevinhar notas, exactamente como eu faço. Fui então às letrinhas impressas, das pequeninas, e por sorte era ainda legível o nome do meu colega da Caminho, Zeferino Coelho, a quem me apressei a devolver aquele apontamento. Agradeceu-me como se fosse uma nota de 500 Euros, explicando-me que andava à procura daquele papel há que temos e que era uma alegria ter de novo o contacto do encadernador. Mas ainda há quem encaderne livros?, perguntarão os meus amigos Extraordinários. Ah, pois há; e, além de Zeferino Coelho, que é um bibliófilo e colecciona biografias, deve haver muitos mais, pois a Papiê organiza uma oficina de encadernação em Belém, em três dias diferentes deste mês: 12, 19 e 26! Inscreva-se e conhecerá um mundo novo e fascinante, que um dia lhe poderá ser útil.
Horário: 10:30 às 13:00 Local: From Hand - Home Concept Store Rua da Junqueira, 362, Belém, Lisboa
Já em contagem decrescente para o fim-de-semana, um recorte de um jornal inglês absolutamente hilariante, sobre a maluquice dos tempos que atravessamos. Vale a pena ler: