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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

03
Out19

Ler poemas

Maria do Rosário Pedreira

Nunca tive jeito para a música, acho que só na adolescendência me atrevi a cantar ao pé de outras pessoas; nem  sou desafinada, mas, tendo noção das minhas limitações, depressa se tornou claro que escutar-me a mim mesma não tinha grande graça (canto mais dentro da cabeça). No entanto, gosto de dizer poemas (e em várias línguas) e as pessoas que percebem disso até me dizem que tenho jeito. Mas mais jeito tem o grupo de dizedores que hoje à tarde estarão no foyer do Teatro do Campo Alegre na sessão do Café Literário «Poesia, a Suprema Ficção». Evocando o grande poeta norte-americano Lawrence Ferlinghetti (que concluiu recentemente 100 anos e de quem é o mote entre aspas), Cristiana Sabino, Jorge Pereira, António Domingos, Idalinda Fitas, Manuela Gomes e Armando Pereira apresentam as suas escolhas poéticas. Se estiver pelo Porto, não perca.

02
Out19

Preguiçar

Maria do Rosário Pedreira

Hoje estou com um dia infernal e portanto abusarei da vossa paciência preguiçando na escrita de um post. Tenho três irmãos e, quando publiquei a minha Poesia Reunida, um deles escreveu-me um poema tão lindo sobre nós que ainda hoje, quando o releio (na verdade, basta que me lembre dele), faz com que me venham lágrimas aos olhos. Já escrevi sobre como é lindo ter irmãos (dediquei a isso, aliás, uma das minhas crónicas) e, talvez por isso, quero partilhar convosco o discurso de um dos irmãos de António Lobo Antunes, Nuno Lobo Antunes (o 5º de seis), na homenagem que foi feita ao escritor no sábado 28 de Setembro. Que lindo. No link, creio que é também possível ouvir o discurso em vídeo (eu apenas li). Desfrutem.

https://www.sabado.pt/vida/detalhe/meu-bebe-amo-te-muito--o-discurso-de-nuno-lobo-antunes-ao-irmao-antonio

 

01
Out19

O que ando a ler

Maria do Rosário Pedreira

Leio a obra vencedora do Man Booker Prize em 2018 – Milkman, de Anna Burns, nascida em Belfast, onde, de resto, decorre toda a trama do romance que, em certas coisas, me remeteu para Pátria, de Aramburu, talvez por ambos os enredos se desenvolverem no período anterior ao cessar-fogo pelos grupos terroristas (no País Basco e na Irlanda do Norte). A obra de Anna Burns tem como narradora uma rapariga que vive num bairro assinalado como sendo absolutamente anti-governo e onde todos os moradores (mesmo os que não pertencem às «milícias») são vigiados, fotografados, investigados, apanhados, levados para se tornarem informadores dos «do lado de lá»; onde todas as famílias (incluindo a dela) têm medo (até de ir ao hospital) e perderam pessoas que puseram bombas, ou estavam no sítio errado à hora errada, ou andam fugidas, ou foram mandadas embora; onde os heróis podem usar o nome «Milkman» e isso fazer com que o desgraçado do leiteiro a sério (personagem fascinante, aliás) vá parar ao hospital; onde ter dezoito anos e «um namorado mais ou menos» não salva a protagonista de ser coagida a ter sexo numa casa de banho por «um dos seus»; e onde o facto de um dos cabecilhas do bairro a abordar um dia na rua leva toda a gente a dizer que ela perdeu a cabeça e não a livra de sofrer as consequências disso (e são muitas!). A linguagem divertida e inventiva da narradora (que adora ler enquanto caminha) e as travessuras das irmãs mais novas compensam a dureza do ambiente, de uma violência latente, que não nos deixa espaço nem para respirar. Uma história passada nos anos 1970, com a Irlanda do Norte ao rubro. A tradução – e boa – é de Miguel Romeira. O livro é da Porto Editora.

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