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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

29
Mai20

Apoios?

Maria do Rosário Pedreira

Nunca como nestes tempos de pandemia os artistas precisaram tanto de apoio financeiro. Se virmos bem, sem possibilidade de trabalharem, com as galerias, os teatros e todas as casas de espectáculos fechadas, os actores, encenadores, cantores, bailarinos, e todos os técnicos que os apoiam, bem como os agentes que negoceiam a sua presença em espectáculos ou a venda das suas obras, estão sem ganhar um tostão há dois meses e meio. Várias foram, por isso, as instituições que se  prontificaram a dar apoios a estes artistas (mesmo que por vezes mediante candidaturas discutíveis, que excluíam áreas consideradas mais populares); e entre elas encontram-se, evidentemente, os municípios. Porém, alguns contemplados com os apoios da Câmara Municipal de Lisboa sentiram-se humilhados. Um deles, o actor Filipe Crawford, queixou-se no Facebook há uns dias de ter recebido uma carta em que lhe era atribuída a quantia de 154 euros (já de si um pouco rídícula), mas, ainda por cima, contra horas de trabalho para o município (cerca de trinta, segundo disse; caso não tenham reparado, o seu trabalho vale cerca de 5 euros por hora para o município...) Foi bom pôr o dedo na ferida, porque a Câmara reconsiderou e retirou a obrigação aos apoiados de trabalhar para ela. Senão, não seria um apoio, mas um adiantamento por conta de serviços. De qualquer modo, teria sido bom deixar tudo claro logo no princípio.

Hoje recomendo Virginia Woolf, as árvores estão floridas em Lisboa e as flores estão muito presentes em Mrs. Dalloway, um livro que nunca passa de moda.

28
Mai20

Obituários

Maria do Rosário Pedreira

Lembro-me dos tempos em que os jornais eram apenas de papel e de haver jornalistas especializados em obituários que eram verdadeiras obras de arte. Assim que alguma celebridade começava a acusar vestígios de doença grave ou provecta idade, lá se pedia ao jornalista em causa que investigasse a vida do «moribundo» e tivesse a peça preparada para quando a tragédia acontecesse. Por um lado, era muito mais difícil do que hoje: sem Internet, era preciso meter o nariz nas bibliotecas e nos arquivos, falar com meio mundo sem dar a entender para que serviam as perguntas, cuidar da prosa para fazer uma homenagem à altura, ter o texto pronto para ir à caixa de chumbo quando a hora chegasse ou ir actualizando enquanto o futuro morto permanecia na Terra; por outro lado, era mais fácil: não havia demasiada informação ao dispor para confundir o autor nem se tinha trabalho a separar o trigo do joio (hoje é bem capaz de haver mais notícias falsas sobre alguém do que verdadeiras, e é já quase impossível confiar a 100% no que está na Internet). Recentemente, o diário Observador publicou o obituário de Gonçalo Ribeiro Telles (que também já devia estar pronto há tempos) e depois teve de pedir desculpa publicamente por ter matado o senhor arquitecto no dia do seu 98.º aniversário... Mas não foi o único jornal que cometeu esse erro, e já houve uns quantos escritores assassinados antes da hora nas páginas da necrologia dos jornais: Hemingway, por exemplo, mas também Bertrand Russell, García Márquez e Mark Twain, este último duas vezes! Tenho ideia de há muitos anos ter lido um romance ou um conto em que alguém está a ler o jornal e descobre nele o seu próprio obituário, ficando sem saber se foi engano, se está realmente morto. Infelizmente, não me consigo lembrar do autor, a senilidade ataca-me fortemente; pensei que era Borges, o que faria todo o sentido, mas a Internet não o confirma e eu não posso ir folhear a obra toda... (Se alguém tiver lido, ajude-me.) Também conheço escritores e outras celebridades que preparam os seus próprios obituários porque não querem que, depois de mortos, digam mal deles. Não sei se vale a pena a preocupação: os mortos recebem mais elogios do que os vivos e até há umas pestes que se tornam santinhos after death.

Hoje vou recomendar uma autobiograbia imaginária de um imperador que entra na morte de olhos abertos: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar.

27
Mai20

Bilinguismo literário

Maria do Rosário Pedreira

Um dia destes, consultando o nome dos jurados do Man Booker International Prize (isto porque comprei um dos livros que estão na final), reparei que a mexicana Valeria Luiselli estava entre eles (conheci-a num festival de escritores, mas já não me lembro se foi cá ou noutro país). Achei estranho que uma autora mexicana fosse jurada num prémio para livros traduzidos em inglês; mas descobri que a própria Luiselli vive nos Estados Unidos há muitos anos e já escreve directamente em inglês. Como será escrever literariamente numa língua que não é a nossa? Samuel Beckett, um dos laureados com o Prémio Nobel da Literatura na Irlanda (houve quatro por lá), escreveu vários textos dramáticos em francês (e até dizia que às vezes precisava de outra língua mais rica do que a sua para se expressar melhor). Por outro lado, a Kundera aconteceu em França, onde se exilou, o mesmo que a Luiselli: começou por escrever em checo e, às tantas, passou naturalmente ao francês (corrigiu inclusivamente o seu tradutor em certas passagens). E mais espectacular é ainda o caso de outro Prémio Nobel da Literatura, o poeta Joseph Brodsky, que deixou o russo para escrever em inglês poucos anos depois de se ter «escapado» para os Estados Unidos na altura do comunismo. (Poesia sem ser na língua materna deve ser ainda mais difícil, digo eu.) Mas há seres superiores e todos estes o foram de alguma maneira. Espere-se, pois, que a jovem Luiselli se torne genial com o tempo.

Hoje vou recomendar uma peça de Beckett que adoro, já que falei dele: Os Dias Felizes (Oh les beaux jours). Vê-la é ainda melhor do que lê-la.

26
Mai20

Com atraso

Maria do Rosário Pedreira

Ontem foi tudo uma correria, sobretudo por causa das formigas, e não falei do que deveria ter falado: de uma grande escritora portuguesa que, infelizmente, morreu no fim-de-semana. Falo, como já devem ter percebido, de Maria Velho da Costa, conhecida do público mais vasto como uma das três Marias das Novas Cartas Portuguesas, mas que vai muitíssimo além disso na sua carreira individual, sendo, aliás, pela sua genialidade, uma das vencedoras do Prémio Camões. A sua obra, notável acima de tudo pela inovação e experimentação linguística e o fascínio por cada palavra (inclusive pelo som), é considerada demasiado difícil para os leitores medianos, que têm um vocabulário cada vez mais curto e não parecem interessados em aumentá-lo (o que levou a que desaparecesse dos escaparates das livrarias e fosse arrumada lá para trás ou nem sequer encomendada); mas merecia ser mais divulgada nos anos terminais da Escola Secundária, em que os miúdos mais crescidos têm as suas capacidades no auge, porque é muito injusto que livros como Missa in Albis, Maina Mendes, Casas Pardas e outros fiquem na ignorância da maioria e acabem por se tornar meras referências em artigos especializados, mesmo que obviamente elogiosas. Disse um dia Robert Walser que nada é tão gratificante para um ser humano como conseguir superar-se. Então, hoje recomendo aos preguiçosos, desconfiados e de pé atrás que se superem e leiam esta autora; é difícil, pois é, mas vale o esforço.

25
Mai20

Plágios

Maria do Rosário Pedreira

Desculpem, hoje venho mais tarde porque estava convencida de que já programara um post para entrar esta manhã e só agora verifico que, afinal, não o tinha feito. Além de que estou a ter uma invasão de formigas minúsculas no meu PC, que caminham por entre as teclas como se viessem do seu interior, e isso custou-me já parte da manhã em limpezas e desinfecções. Mas adiante. Falarei hoje de uma coisa que descobri há dias com grande surpresa. No meu tempo, cabulices e copianços eram no liceu, e havia muitos alunos apanhados a copiar nos pontos (que era como então se chamavam os testes), embora menos nos exames, que aí a vigilância era apertada. Mas, quando íamos para a faculdade estudar aquilo de que gostávamos realmente, isso acabava, porque estávamos a ler e investigar sobre assuntos que nos apaixonavam, não fazíamos frete, tirávamos prazer do saber e sabíamos responder quando interpelados e desenvolver certas temáticas em trabalhos escritos. Pois hoje parece que não é assim e que os pobres professores universitários até têm um software específico nos seus computadorres para detectar casos de plágio... A verdade é que, além dos alunos ingénuos dos primeiros anos que copiam os grandes autores sem aspas nos seus trabalhos, pensando que os professores não dão por nada, agora também os mestrandos e doutorandos copiam da Internet trabalhos já feitos com a maior cara-de-pau e ainda ficam chateados quando são descobertos e levam zero. Fiquei pasmada. Com universitários assim... Adeus, futuro.

Hoje recomendo A Estrada, de Cormac MacCarthy (um caminho muito mais interessante do que o meu carreiro de formigas, acreditem, e também bastante apropriado à época).

22
Mai20

Próximo Capítulo em Junho

Maria do Rosário Pedreira

Já aqui falei do Clube de Leitura da Leya, o Próximo Capítulo, lançado este ano no Dia Mundial do Livro. No mês de Maio, os leitores inscritos escolheram entre os quatro livros propostos As Velas Ardem até ao Fim, de Sándor Márai, um belíssimo romance de um autor que morreu sem saber o êxito que viria a ter no mundo inteiro e discutiram-no em várias sessões com a minha colega Rita Fazenda. Em Junho, será a minha vez de conduzir o Próximo Capítulo e hoje à tarde vou levantar a pontinha do véu sobre os quatro títulos que estarão a votação: dois de autores portugueses, dois de autoras estrangeiras (não fiz por ser politicamente correcta, mas calhou). São quatro livros muito diferentes: alguns baseados em factos reais, outros assumidamente autobiográficos, um de recorte mais clássico na forma de narrar, outro polifónico. Inventivos, especulativos, duros, cinematográficos, realistas, ligados a outras artes e a guerras que nos são estranhas, enfim, vai haver de tudo e para todos os gostos. Só pode ganhar um, evidentemente, e será sobre esse que farei algumas sessões com os membros do clube (por Zoom, para já), respondendo a perguntas e quiçá até dialogando com os respectivos autores (se forem portugueses). Se quer saber de que livros falo, inscreva-se em proximocapitulo@leya.com. Receberá depois um email para votar num dos livros até dia 25. (Faço segredo, porque tem mais graça.)

Hoje recomendo-vos a leitura de Amor no Feno e Outros Contos, de D. H. Lawrence (ele estava a olhar para mim ali da estante, numa edição muito antiga da Assírio e Alvim, e foi como se me chamasse). Os meus contos preferidos desta colectânea são: O Homem Que Morreu e O Homem Que Amava as Ilhas. A tradução (fui ver agora mesmo) é de Maria Teresa Guerreiro.

21
Mai20

Hay Festival

Maria do Rosário Pedreira

Aposto que, se gosta de livros, terá já ouvido falar do Hay Festival. Ele deve o seu nome à cidade galesa de Hay-on-Wye, que tinha numerosas livrarias desde os anos 1960, favorecendo a criação de uma festa literária anual de grandes dimensões e com convidados de todo o mundo. Mas, a partir do ano de 2005, o já muito popular Hay Festival estendeu-se a variadíssimas cidades europeias e de outros continentes, como Segóvia, Cartagena das Índias, Nairobi, Arequipa, Beirute ou mesmo as Maldivas; e, além de encontros de escritores, passou a ter também música e artes performativas. Este ano, porém, o Hay Festival sofreu, como todos os outros eventos literários, os efeitos da pandemia e tornou-se apenas digital. Mas os convidados continuam a ser de peso, entre eles Margaret Atwood ou esse actor sublime que é Benedict Cumberbatch, mas também Leila Slimani, Tori Amos ou Simon Schama. O programa é extenso (e gratuito!) e começou dia 18, mas vai até 31 de Maio. Tem de registar-se para assistir, mas de certeza que vale a pena ficar a ver e ouvir os debates, as entrevistas e as oficinas que constam da programação. Deixo-lhe o link para escolher o que lhe interessa.

https://www.hayfestival.com/wales/home

Hoje recomendo um escritor do País de Gales. Melhor: dois. Dylan Thomas (a poesia ou, por exemplo, Retrato do Artista quando Jovem Cão e Outros Contos) e o famosíssimo Ken Follet e o seu best-seller Os Pilares da Terra.

Mais logo vai haver Quintas de Leitura, não falte! Aqui vai o anúncio:

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20
Mai20

Os bens de Pessoa

Maria do Rosário Pedreira

Um dia estive com um senhor brasileiro que me disseram ser riquíssimo (falha-me o seu nome, desculpem, mas lembro-me de que era grande e gordo) e que tinha comprado numerosos objectos pertencentes a Fernando Pessoa. Nunca percebo muito bem o interesse de ter os óculos de Freud, uns jeans de John Lennon, o buço de Frida Kahlo ou o colar de pérolas da princesa Diana... Mas vejo que algumas pessoas com dinheiro gostam de possuir objectos que crêem preciosos (já eu acho mais graça ficar num hotel por onde passou Hemingway ou Lord Byron e tentar entender o que os apaixonou nesse lugar). Em todo o caso, entrou recentemente em leilão o espólio de um sobrinho de Pessoa, Luís Miguel Rosa Dias, e muitos se devem ter abalançado a comprar a «quiquilharia»... Mas a Casa Fernando Pessoa aproveitou para adquirir alguns dos bens que haviam pertencido ao tio Fernando (mormente livros) e que, ao contrário das jóias da princesa, ajudarão certamente a um estudo mais aprofundado da obra do escritor (poeta e não só) que foi talvez dos mais prolixos de Portugal (arcas e arcas de manuscritos). No site da Casa, a sua directora, Clara Riso, explica as razões destas aquisições, o que é francamente interessante para sabermos o que pesou na decisão. Deixo-vos o link abaixo.

https://www.casafernandopessoa.pt/pt/cfp/noticias-publicacoes/novas-pecas-para-casa-fernando-pessoa?eID=

Hoje recomendo Pessoa, já que dele falei. O meu heterónimo preferido é Álvaro de Campos e até já gravei um vídeo a ler um poema seu (Soneto já antigo) no Dia da Poesia. Nunca deixem de ler o mais internacional dos nossos poetas. Nem que sejam as quadrinhas que escreveu e têm servido a tantos fadistas.

19
Mai20

TPC

Maria do Rosário Pedreira

Quando eu era pequena e andava na escola primária, lembro-me de levar para casa aquilo a que os adultos chamavam então «deveres», tarefas que «devíamos» cumprir, relacionadas com a matéria que estávamos a aprender: umas contas, uma cópia, uma pequena composição, por vezes ilustrada com um desenho. Não me lembro de nada disto pesar excessivamente no meu horário não escolar, por isso tenho ideia de que era pouca coisa de cada vez. Hoje, pelo contrário, ouço dizer sistematicamente que os miúdos vêm para casa carregados de TPC desde a mais tenra idade, o que lhes tira todo o tempo que têm para brincar (quando não são os pais que os inscrevem em mil actividades extracurriculares para os ocupar de forma que cheguem a casa exaustos e a querer apenas jantar e dormir). Não sei se corresponde realmente à verdade, mas talvez os miúdos precisem de respirar fundo e brincar mais quando chegam a casa. Pelo menos, foi o que sentiram dois colegas de 9 anos, vizinhos um do outro e também do  respectivo professor, que, na vizinha Espanha, acharam exagerados os trabalhos que o mestre marcava, especialmente em fase de confinamento; e não estiveram com meias medidas: foram ao prédio dele e cortaram-lhe os fios que lhe permitiam ter wi-fi e dar aulas à distância! Diz quem partilhou esta notícia que se tratou de «empreendedorismo infantil». Eu cá falaria de mini-revolucionários, o que é um óptimo sinal. Tudo quanto é demais é erro.

Em tempo (tinha-me esquecido de recomendar o livro e lembrei-me por causa do comentário do Extraordinário Pacheco): Como falei de miúdos, falemos de um dos livros que, no meu tempo, todos os jovens liam. Trata-se de O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. Li nas férias em que fazia dez anos e chorei como uma Madalena, mas aprendi decididamente o que era a empatia. Alberto Manguel diz que lhe aconteceu o mesmo com Coração, de Edmondo de Amicis. Não são sempre os grandes livros que fazem de nós leitores e pessoas solidárias.

18
Mai20

Viajar no sofá

Maria do Rosário Pedreira

Ontem estive a falar no âmbito do festival LeV. As letras são de Literatura em Viagem, que, como bem disse um dos nossos Extraordinários aqui no blog na última sexta-feira, é uma expressão que também serve de metáfora para os livros que viajam até nós, e não necessariamente uma frase que aponte exclusivamente para literatura de viagens. Embora tenha lido vários livros de viagem de que gostei muito (de Moravia, Bruce Chatwin, Anne-Marie Schwarzenbach, alguns da colecção da Tinta-da-China com capas bonitas coloridas e direcção de Carlos Vaz Marques), o que nesta matéria me encheu as medidas foi o Guia de Portugal, de Raul Proença (são vários volumes, embora não os tenha lido a todos), e um livro maravilhoso das britânicas Ann Bridge e Susan Lowndes Marques (a mãe de Ana Vicente e Paulo Lowndes Marques, ambos infelizmente já desaparecidos) que publiquei em tempos e diz bem o que era o nosso país nos anos 1940. Chama-se Duas Inglesas em Portugal e está esgotado, mas talvez o encontrem em alfarrabistas ou no original inglês. Como já recomendei dois livros, junto mais alguns que a revista Evasões diz que são ideais para viajar sem sair de casa. Pode ser que gostem:

As Ilhas Desconhecidas, de Raul Brandão; Viagem a Portugal, de José Saramago; A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne; Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto; Danúbio, de Claudio Magris; Pela estrada fora, de Jack Kerouac; A Maravilhosa Viagem de Niels Holgersson através da Suécia, de Selma Lagerlof.

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