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Horas Extraordinárias

As horas que passamos a ler.

23
Dez22

Boas festas e até para o ano

Maria do Rosário Pedreira

Para dizer a verdade, estou cansada: não só fisicamente, claro, que a idade já pesa, mas também cansada de tentar fazer alguma coisa pela literatura e cada vez mais encontrar um muro do outro lado, pois o que parece interessar actualmente à maioria das pessoas é um tipo de livro leve e fácil, que não as faça pensar, ou então as séries de ficção, algumas boas, que viciaram muita gente durante a pandemia. Vou, por isso, pensar na vida e descansar uns dias, que bem preciso, e só estarei de volta ao blogue no início do ano, mais precisamente no dia 3 de Janeiro. Até lá, desejo-vos umas Boas Festas, com livros bons no sapatinho e boas leituras . Saíram muitos livros novos nestes últimos meses que quero ler e, claro, o tempo não vai chegar para tudo, mas interessa-me ver se chego a autores que não conheço, como Judith Schalansky ou Hanya Yanaghiara (como o romance desta última tem 1000 páginas, não sei se vai ser desta), e quero também ir ao Porto ver uma exposição no Museu Soares dos Reis para a qual já me estou a guardar há algum tempo. Espero que os leitores procurem também os autores de que gostam ou sobre os quais tenham curiosidade e apareçam por aqui no ano que vem, para falarmos disso tudo. Boas entradas!

22
Dez22

Histórias

Maria do Rosário Pedreira

Gosta de boas histórias? Hum... A Bíblia tem um manancial delas. E agora, depois da tradução de Frederico Lourenço a partir da Bíblia Grega, o que já foi uma novidade, vem aí mais uma: temos agora uma forma de «ouvir?» todas as histórias do Novo Testamento. Leu bem: sim, «ouvir», porque desta feita a Quetzal convidou quatro grandes vozes e publicou os Evangelhos em versão audiolivro. Além da leitura pelo próprio Frederico Lourenço de fragmentos na língua original, vamos poder ouvir o Evangelho de S. João pelo inesquecível radialista Fernando Alves (que eu oiço na TSF todos os dias); o Evangelho de S. Marcos pela leitora de poesia e autora de O Poema Ensina a Cair, Raquel Marinho; o Evangelho de S. Lucas pela jornalista da Renascença Maria João Costa; e por fim o Evangelho de S. Mateus pelo músico e cantor Samuel Úria. Saído para o mercado em quadra natalícia, parece-me mesmo o presente apropriado! É uma parte da Bíblia contada ao nosso ouvido, que aqueles que fazem grandes viagens ou andam sempre no trânsito poderão ouvir no carro, sem se aborrecer. Bela ideia, não é?

BIBLIA_AUDIOLIVRO.jpg

21
Dez22

Encontros e desencontros

Maria do Rosário Pedreira

Há amigos escritores que via frequentemente no passado, em feiras ou festivais, mas cujo convívio se foi perdendo com o passar dos anos. Isso aconteceu-me com o poeta José Tolentino Mendonça, por exemplo, com quem viajei até Liège ou o Rio de Janeiro, mas que tenho reencontrado poucas vezes mais recentemente por impossibilidades mútuas. Ou os seus lançamentos coincidem com dias em que também eu tenho eventos, ou os meus se realizam em dias em que o nosso cardeal não pode abandonar o Vaticano; ou quando chego para lhe dar um abraço na Feira do Livro de Lisboa já ele deixou o pavilhão, ou... Valeu-me revê-lo há poucas semanas no lançamento de Misericórdia, de Lídia Jorge, mas de novo não consegui acudir ao recente lançamento do seu ensaio sobre São Paulo porque calhou naquela tarde em que tinha uma sessão de leitura sobre os Direitos Humanos... De qualquer modo, felicito-o aqui no blogue pelo prémio que lhe foi atribuído há dias pela Fundação Ilídio Pinho. Trata-se de uma distinção concedida a personalidades que trabalham «na promoção e defesa dos valores universais da portugalidade», sendo o júri composto pelos presidentes das Câmaras Municipais de Lisboa, do Porto e de Vale de Cambra, bem como pelos reitores das Universidades do Porto, de Aveiro, da Católica e de Trás-os-Montes. Parabéns!

20
Dez22

Lançamentos

Maria do Rosário Pedreira

Quando comecei a trabalhar na edição, em finais dos anos oitenta, não organizávamos muitos lançamentos, até porque publicávamos sobretudo autores estrangeiros e não era ainda costume convidá-los para virem apresentar os seus livros em Portugal. Mas, sempre que acontecia, os jornalistas e críticos apareciam em massa, além dos amigos e de muitos leitores curiosos. Lembro-me de um lançamento de João de Melo no andar de baixo da Livraria Barata (talvez o de Gente Feliz com Lágrimas) e do de um livro de poesia de Nuno Júdice no jardim do Museu de Arte Antiga (já não sei que livro era, só sei que era da Quetzal de Maria da Piedade Ferreira) que estavam a rebentar pelas costuras, e foram muitos assim nessa década e na seguinte. Quando comecei a trabalhar com autores portugueses, as sessões de apresentação multiplicaram-se; além do lançamento na cidade natal dos autores, havia pedidos de todo o lado para que fossem falar dos seus livros. Mas, de repente, faz-se hoje um lançamento de um romance escrito por um autor que até tem bastantes leitores e está tudo meio às moscas no dia da apresentação, faça chuva ou faça sol: vai a família, vão os amigos mais próximos, e, se estiver lá um jornalista, é porque esteve a entrevistar o escritor antes do evento e ficou para assistir. Que estranho... Foi a pandemia que nos viciou no recolhimento, ou é o excessivo recurso às plataformas digitais para tudo e mais alguma coisa que nos viciou na solidão?

19
Dez22

Natal

Maria do Rosário Pedreira

Quando na TSF, que é a rádio que eu ouço diariamente há muito tempo, começa a converseta sobre futebol (e o mesmo se repete na Antena 1), viro logo para a Smooth FM, que é isso mesmo, suave e audível  em qualquer estação, com músicas boas de recordar e um tom jazístico calmante. Mas nesta época há uma particularidade levemente irritante na Smooth, que é passar em contínuo canções de Natal que, mesmo sendo boas e cantadas por grandes intérpretes, às tantas já deitamos pelos cabelos. Eu própria já fiz uma série de letras para canções de Natal musicadas pelo grande João Gil, mas essas só passaram uma vez na TV e pronto, foram esquecidas. Há, de facto, imensas canções de Natal, mas, sei lá porquê, a literatura natalícia é incomparávelmente mais comedida. Claro que o nosso Dickens escreveu aquele clássico que é difícil de igualar e permanece na memória de todos (o senhor Scrooge assombrou milhões de crianças), mas há mais coisas, e o jornalista João Morales fechou o ano no seu canal do Youtube «alimentando a estante» com textos dedicados à quadra, do conto à poesia. Se tem curiosidade, aqui está o link. Pelo menos, variamos das canções de Natal...

https://www.youtube.com/watch?v=QhtwqYyBHJo

 

16
Dez22

Festa dos livros

Maria do Rosário Pedreira

A EC.ON, escola de escritas online que promove encontros com escritores e oficinas de escritas virtuais e presenciais, não pára. Não só publicou de uma só vez quase uma dúzia de novas edições na Nova Mymosa (uma pequenina colecção deliciosa de textos em prosa e poesia), como vai organizar amanhã, dia 17, à tarde, o FEIO – Festa de Escritas, Improvisos e Oralidades no Teatro A Barraca, em Lisboa, fazendo de uma assentada onze lançamentos e vendendo os respectivos livros, que dão belos presentes de Natal, bem como todos os anteriormente publicados. Os autores presentes são Nelson Nunes, Luís Bento, Andreia Azevedo Moreira, Ana Margarida de Carvalho, Mónia Camacho, Filipa Leal, Maria Quintans, Nuno Júdice, Pedro Lamares, Filipa Martins e Francisca Camelo, que vão falar e autografar os seus livros. Mas, porque desde o início que as colecções se têm dedicado especialmente à ficção e à poesia, chegou a vez do ensaio e, para 2023, podemos esperar obrinhas (só pelo tamanho) suculentas num novo projecto chamado «Pensar o tempo», já que a EC.ON convidou desta feita muitos pensadores a escreverem textos, como Afonso Cruz, Mário de Carvalho, Cláudia Lucas Chéu, Álvaro Laborinho Lúcio, Bruno Vieira Amaral, Carlos Fiolhais, Helder Macedo, Irene Pimentel, Luís Quintais, Marta Bernardes, Nuno Júdice e Valério Romão. Tudo sobre a nova iniciativa no link abaixo. Longa vida a Luís Carmelo e à EC.ON.

http://escritacriativaonline.net/eventos/feio2022/

15
Dez22

Listas

Maria do Rosário Pedreira

Como acontece todos os anos por esta altura, os jornais já começaram a publicar nos seus suplementos culturais as listas dos melhores em todas as áreas: livros, cinema, teatro, dança, música, exposições... Não resisto a passar os olhos por este tipo de trabalho, embora me pergunte sempre para que é que isto realmente serve. Nos casos de exposições ou espectáculos, raramente os escolhidos continuam a poder ver-se: as mostras foram mostradas durante um determinado período numa certa galeria e quem as viu pode sentir-se cheio de sorte, mas quem não as viu ficará frustrado porque elas já são apenas história; e o mesmo acontece relativamente às artes ditas performativas, porque raramente as companhias de teatro e dança fazem itinerância, até porque os cenários nem sempre são transportáveis... Sobram geralmente os filmes, que mais cedo ou mais tarde ficam disponíveis em DVD ou streaming; a música, que pode ser ouvida sobretudo em plataformas,  já que os CD estão a desaparecer; e os livros, mas estes ficam cada vez menos tempo nas livrarias, o que pode fazer com que algum dos eleitos pelos críticos, se tiver sido publicado no primeiro semestre do ano, seja quase impossível de encontrar. Mas, além disso, sabemos que as escolhas são sempre viciadas, porque nenhum crítico consegue ver tudo, ouvir tudo e ler tudo, votando sempre no que conhece e deixando de fora coisas importantes, só por não lhes ter posto a vista em cima. Ora, sabendo tudo isto, sou atraída pelas listas... Porque será?

14
Dez22

Um fado vaidoso

Maria do Rosário Pedreira

Já passou muito tempo desde que, pela primeira vez, falei aqui de um trabalho que estava a fazer com a fadista Aldina Duarte a convite do Museu do Fado. Tratava-se de antologiar os autores ditos eruditos que escreveram propositadamente para a canção portuguesa ou aos quais os fadistas, sobretudo Amália (que é quem começa quase tudo o que é novo e atrevido no fado), surripiaram poemas para cantar. O trabalho foi moroso, porque havia realmente muito mais autores do que esperávamos e, além do levantamento, a escolha foi muito difícil, pois tivemos de deixar de lado talvez metade dos textos encontrados por termos um limite de páginas para a colectânea. Depois, foi a parte dos direitos, sempre muito complicada, sendo preciso contactar autores e herdeiros, o que, em alguns casos não correu tão bem como gostaríamos, fosse porque não se encontravam descendentes, fosse porque filhos ou viúvas queriam mundos e fundos pela licença de publicar um poema e não era possível, numa antologia com oitenta autores ou mais, aceitar essas loucuras, até por uma questão de justiça. A pandemia também interrompeu o processo, atirando a edição para mais tarde, mas eis que finalmente aí está Esse Fado Vaidoso, de que, passe a imodéstia, estou vaidosa e que é amanhã apresentado no Museu do Fado por Rui Vieira Nery. A Aldina cantará três fados do livro na sessão. Obrigada à Aldina Duarte, ao Museu do Fado, à minha editora e, claro, aos muitíssimos autores dos textos da antologia. Foi um prazer fazer este trabalho. Espero que gostem.

Convite_Fado_Vaidoso copy (003).jpg

13
Dez22

A guerra

Maria do Rosário Pedreira

Na sexta-feira passada, fui, como aqui julgo ter dito, ler poemas alusivos à paz numa sessão comemorativa dos Direitos Humanos. Na verdade, para falar da paz, escrevi sobre a guerra; e li, fundamentalmente, textos que falavam das crianças que perdem as mães, das mães que perdem os filhos, e de como os livros (a arte em geral, digamos mais concretamente) nos podem mostrar todas as guerras sem nunca lá termos estado. Os poemas que li eram meus, mas durante o fim de semana estive a ler exaustivamente um pequeno livro precioso e quase me arrependi de não ter lido na sessão os belíssimos poemas desse livro. Trata-se de Aprender a Usar a Baioneta em Tempo de Guerra, de António Tavares, com desenhos magníficos de Alfredo Luz, publicado pela Húmus, uma pequena editora com livros muito bons. Os poemas falam da guerra, de todas as guerras, e fazem-no de uma forma que tem dentro realismo, surrealismo e romantismo, o que é raro encontrar junto num mesmo texto ou livro. Espero que o autor prossiga na poesia, que é mesmo muito boa, e que tenha leitores para ela, porque merece. Deixo-vos apenas uma pequena amostra, mas leiam o resto e ofereçam a quem gosta de poesia. É uma voz diferente e nova que é bom encontrar.

 

Rendição

 

Se adivinhares os dias

e as palavras certas

com que se abre o meu coração,

cá estarei, rendido

entre o mar e a montanha,

à espera da tua mão,

dessa que prometeste

que me davas,

mesmo ferido,

quase morto,

numa tarde de verão.

 

12
Dez22

Na Costa Leste

Maria do Rosário Pedreira

Hoje é dia de festejarmos João Pinto Coelho, o celebrado autor de Perguntem a Sarah Gross (que, se não erro, já vai em sétima edição) e autor do romance vencedor do Prémio LeYa (Os Loucos da Rua Mazur) e ainda de Um Tempo a Fingir. Mais logo, Richard Zimler brindar-nos-á com a apresentação do mais recente livro deste ecritor, Mãe, Doce Mar, que conta uma história passada na Costa Leste dos Estados Unidos, na qual o protagonista, um jovem que viveu numa instituição para órfãos até aos doze anos, conhece inesperadamente a mãe, que o vem buscar, mas nem junto dela conseguirá saber porque foi, afinal, abandonado. Diante do mar revolto de Cape Cod, as suas perguntas não desaparecerão, porém, com a atenção que agora Patience lhe dedica, antes o confundirão ainda mais, levando-o a estreitar relações com um vizinho: um padre excêntrico que guia um Rolls-Royce às cores e protege uma conhecida senadora durante os seus últimos dias sobre a Terra. Cheio de suspense, é uma maravilha até mesmo ao fim, mostrando que o autor pode sair à vontade da sua zona de conforto e escrever sobre o que quiser. Apareça mais logo para o cumprimentar!

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