A partir de hoje e até ao próximo dia 13 de Maio, realiza-se, na Vila de Redondo, mais um encontro literário Palavras ao Vento, que coincide com a XXV Feira do Livro de Redondo e conta com o Alto Patrocínio do nosso Presidente da República. O programa, de que é responsável o poeta e romancista Frederico Pedreira (que eu saiba, não somos parentes), é bastante diversificado, tendo como convidados vários escritores, desde os vencedores do Prémio Literário José Saramago Afonso Reis Cabral e Bruno Vieira Amaral (que estarão à conversa no dia 6 de Maio às 21h00), até ao humorista Ricardo Araújo Pereira, que já hoje à noite será interpelado pelo jornalista e editor Carlos Vaz Marques. Haverá também um jantar queirosiano para o qual os interessados terão de se inscrever pelo link que deixo abaixo, além de uma homenagem a Natália Correia, apresentações de livros, concertos e muito mais.Toca a ir ao Redondo.
Andamos em arrumações na nossa biblioteca. Não só porque já não encontrávamos nada (e às vezes tínhamos de voltar a comprar um livro que sabíamos ter), mas também porque tivemos de deixar-nos de manias e alienar algumas coisas para que outras pudessem entrar. Ora, nos montes que se iam formando no chão com escritores de determinadas nacionalidades, apareceu um pequeno romance que eu nunca tinha lido, intitulado A Última Escala do Tramp Steamer, de Álvaro Mutis. Peguei-lhe e estou a terminá-lo. Mutis é, como alguns saberão, o escritor colombiano que fica nos antípodas de García Márquez. Os seus textos estão cheios de referências literárias e a sua prosa é claramente europeizada, como acontece, de resto, neste livro. Europeizada também é a jovem libanesa dona do cargueiro que atravessa toda a história e que marca, nos portos onde vai atracando, os encontros dela com o capitão, um basco que sabe que a sua relação só durará enquanto o velho Tram Steamer tiver casco para navegar e que é, na verdade, quem contou a sua história ao narrador que, ao longo da sua vida, se terá cruzado várias vezes com o cargueiro Alción. Com uma linguagem levemente enfatuada para o meu gosto, é apesar de tudo uma bela história e o livro que catapultou Mutis para o sucesso e reconhecimento dos pares, embora o texto merecesse uma tradução mais cuidada (Amberes, por exemplo, é a palavra espanhola para Antuérpia e deveria ter sido traduzida).