Inglesices
Aqui há tempos escrevi um post sobre a forma como o inglês se tem metido na nossa língua – e volto ao tema porque o inglês não tem saído das páginas dos jornais. Depois de se ter decidido há uns anos que as crianças deviam aprendê-lo na escola primária, porque era a língua do mundo e quanto mais cedo convivessem com ela melhor (dizem-me alguns pais que os filhos não foram muito além da aprendizagem das cores, dos números até dez e dos nomes de meia dúzia de animais – mas pode não ter sido assim em todas as escolas), de repente já não é preciso para nada e a escola que decida se quer ou não continuar a ensiná-lo aos alunos mais novos. Não me parece grave, devo dizer, que se espere pelos dez anos para começar a aprender outra língua, até porque nesses primeiros quatro anos é bastante mais importante que se aprenda a própria como deve ser e, se calhar, mantendo as duas, a materna ficará a perder. O que me custa entender é que, se o Inglês afinal não tem essa importância desmedida que lhe quiseram dar, seja subitamente objecto de exame obrigatório no nono ano, tal como a Matemática e o Português, duas disciplinas presentes desde a primeira hora da escolaridade. Em que ficamos? Só espero que não se lembrem de cobrar as aulas de Inglês aos alunos da primária como actividade extracurricular, pesando ainda mais no orçamento das famílias. Com o aviso de que o exame vai ser «abençoado» por Cambridge, alguns pais não vão querer correr o risco de não pagar…