Vender
Quando vamos a um restaurante e perguntamos a quem nos atende como é o Bife à Casa ou o Bacalhau à Moda do Chef que vêm na ementa, estamos sinceramente à espera de que nos saibam responder – e é normalmente o que acontece. As etiquetas da roupa também ajudam as vendedoras das boutiques a dizer-nos se podemos lavar na máquina determinado vestido se, pelo contrário, aquela fazenda exige uma limpeza a seco. Enfim, quem está a vender ou interessado em que o cliente consuma tem, habitualmente, conhecimento da mercadoria, seja ela qual for. Porém, como é possível a uma equipa comercial conhecer os se calhar mais de cinquenta livros que todos os meses tem de promover junto dos clientes? Mesmo que queira «cheirar» cada um deles, será que umas linhas são suficientes para falar com toda a propriedade daquele «produto»? E que dizer dos empregados de uma livraria que recebe todos os dias novidades (há uns anos eram mais de trinta por dia)? Terão alguma vez tempo para perceber as diferenças entre estilos e autores para adequarem a exposição de todos os livros que têm na loja ao seu público-alvo? Por outro lado, se fosse eu a vender os livros que publico, e que conheço melhor do que a maioria das pessoas, à excepção do autor, teria melhores resultados na venda e na colocação desses títulos, sem qualquer experiência de comercialização? Temos sempre a sensação de que não se faz tudo e que muitos livros bons morrem na praia e não encontram os seus leitores potenciais. Haverá, porém, uma receita para que assim não seja?