O não leitor
Certamente que muitos dos leitores deste blogue gostam de comer, de cozinhar ou simplesmente de assistir a programas televisivos sobre gastronomia e culinária. Esses, se não outros também, conhecem ou já ouviram falar de Jamie Oliver, um jovem e mediático chef britânico. Pois parece que este senhor, apesar de já ter uma vintena de livros publicados (de cozinha, bem entendido), confessou há pouco tempo nunca ter lido um livro... Imperdoável, se não fosse pela circunstância de logo a seguir ter explicado que é disléxico e que, por isso, a leitura para ele se torna verdadeiramente aborrecida. Pegando nesta história, uma revista online norte-americana, a Flavorwire, decidiu criar uma lista de dez títulos que aconselharia a um adulto que nunca tivesse acabado um livro na sua vida, obras com potencial para fazerem dele um leitor. Entre elas, estavam As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, À espera no Centeio, de Salinger, O Hobbit, de Tolkien, O Coração das Trevas, de Joseph Conrad e O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald, por exemplo. Nada contra, embora os dois últimos possam ser mais difíceis de lá ferrar o dente. Já mais estranha encontrei a escolha de Hamlet, que não me parece, até pela sua natureza formal, coisa para iniciados. No entanto, o artigo levou-me a pensar que obras sugeriria eu a um principiante nestas coisas da leitura e lembrei-me de O Velho e o Mar, de Hemingway, Cão como Nós, de Manuel Alegre ou O Velho que Lia Romances de Amor, de Luis Sepúlveda, três pequenos livros que poderiam convocar os menos experientes para o prazer de ler e servir para lhes tirar o medo. Haveria muito mais, claro, mas fico-me por aqui, pois já sei que todos vão querer também dar uma opinião.