A imaginação
Há livros muito difíceis de classificar, e é talvez por isso que, frequentemente, nas listas dos livros mais vendidos, aparecem títulos na área da ficção que não são exactamente ficção, mas que também não são aparentados com aquilo que vulgarmente se designa por «não ficção». Li há muitos anos um livro esplêndido e inesquecível – A Louca da Casa, de Rosa Montero – que comprei como um romance, e não era um romance, mas que, parecendo um «ensaio» sobre um conjunto de memórias, soube, um dia, por razões que agora não vêm ao caso, tratar-se da mais absoluta ficção. Nesse livro celebrava-se sobretudo a imaginação – irmã de quase todos os escritores e, nesse livro, irmã gémea da autora, que a usa de forma brilhante, enganando permanentemente o leitor sobre o que já leu com o que vai lendo, nunca ficando este a saber o que foi, de facto, verdade e o que é apenas imaginação. Se gostar de livros que não são de nenhum género em concreto e conseguem ser quase todos, não hesite em ler este. Tenho a certeza de que não se vai arrepender.