Desporto em português
Divirto-me há anos a coleccionar «preciosidades» em língua portuguesa, melhor dizendo, calinadas fantásticas que fazem rir até às lágrimas; e troco-as todos os anos na Póvoa de Varzim, nas Correntes d’Escritas, com o Henrique Cayatte, que tem o mesmo passatempo e, embora viva em Lisboa, eu quase só o veja por lá. Tenho uma lista fantástica que juro partilhar aqui à medida que me faltarem ideias para o blogue, mas algumas das melhores saíram da boca de gente ligada ao desporto, cuja linguagem específica está, ela própria, carregada de vocábulos fascinantes como «esférico» para «bola», ou frases inesquecíveis como a que diz que «não se fazem prognósticos antes do jogo». Um dia, depois de ao fim de uma qualquer etapa da Volta a Portugal um jovem ciclista ter vestido a camisola amarela, correram a pôr-lhe o microfone debaixo do nariz; e a primeira coisa que ele soltou cá para fora foi um agradecimento sentido a todos os que tinham trabalhado «em prólogo» da sua vitória. Também o futebolista Jardel, por causa de uma qualquer pergunta incómoda que já não recordo, avançou com um ar muito sério que aquilo era «uma faca de dois legumes». E, depois de ter elogiado cem vezes uma determinada égua num concurso hípico e de a ter visto falhar logo o primeiro obstáculo, o senhor que cobria o acontecimento não arranjou nada melhor para dizer do que «era humanamente impossível ao cavalo» saltar aquela altura...