Edições de luxo
No mesmo dia em que a revista Única dedicava um número aos luxos dos mais e menos conhecidos, participei daquilo a que se pode chamar um lançamento de luxo. Tratava-se da apresentação pública de Uma Viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares – um livro em verso-prosa que narra a viagem de um português (estranhamente chamado Bloom, como o Bloom do Ulisses) até à Índia, partindo de Lisboa e parando em Londres e Paris, no século XXI. Escrito de certa forma à sombra d’Os Lusíadas, com os mesmos cantos e estrofes e também algumas glosas em versos precisos (para quem conheça bem o poema de Camões a leitura deve ser ainda mais extraordinária), este é um livro que vai dar que falar cá e em toda a parte, hoje e daqui a cem anos. E, embora não o tenha ainda lido (mal lhe pus a mão, para ser sincera), a verdade é que me sinto desde já à vontade para o recomendar. E porquê? Pois bem: não só a apresentação de Vasco Graça Moura foi suficientemente elucidativa e aliciante, mas também – ou sobretudo – a leitura de vários excertos por Pedro Lamares (um grande, grande diseur) mostrou que o texto é absolutamente genial e tem de ser lido com todo o tempo do mundo. Em época de mediania, como aquela em que vivemos, este é um luxo irrecusável – e a ele voltarei neste blogue para confirmar, com toda a certeza, as minhas suspeitas assim que terminar a leitura.