Humor britânico
Dizem que os ilhéus são muito diferentes dos continentais e que possuem características próprias. No caso dos Ingleses, é sabido que o humor constitui, de facto, uma das suas marcas distintivas (há umas semanas, ouvi até Pedro Mexia dizer na rádio que mais nenhum país se atreveria, como fez o Reino Unido, a dar um prémio como o Booker a uma comédia). Uma das séries de livros mais divertidas que encontrei até hoje – e que de modo algum poderia ser escrita senão pelos nossos velhos aliados – chama-se The Bluffer’s Guides e veio parar-me à mão há muito tempo, quando os jornais começavam a vender ou oferecer livros e a editora onde eu então trabalhava cuidou da produção de uma dúzia de títulos (tradução revisão, grafismo, capas, etc.) para esse fim. Não sei se o título que se arranjou na altura para a colecção (O Especialista Instantâneo) vingou, se permaneceu o original, mas ri-me a bandeiras despregadas com a ideia geral e cada um dos volumes. Tratava-se, afinal, de aprendermos o suficiente sobre um assunto de maneira a tornarmo-nos especialistas instantâneos e não fazermos feio num encontro de entendidos. A forma de o ensinar era, porém, hilariante, deixando-nos alegres com a aprendizagem, mais cultos do que antes e, mesmo assim, com a sensação de que tudo aquilo que líamos não passava do mais despudorado conjunto de mentiras... Agora, com as livrarias todas do mundo à distância de um clic nas teclas do computador, pode divertir-se muito com estes guias de temas tão variados como sexo, marketing, economia, filosofia, surf, James Bond, mulheres, Idade Média ou música. E, se nunca foi a Paris, experimente ler o correspondente Bluffer’s Guide e arrote postas de pescada junto dos que se julgam experts na cidade do charme.