Pela boca vive o peixe
Quando João Tordo venceu o Prémio Literário José Saramago, em Outubro de 2009, muita gente veio dar-me os parabéns por ser já a terceira vez que um dos «meus» autores recebia aquele galardão. O talento era deles, claro, mas a multiplicação levou a que eu fosse chamada a dar entrevistas sobre a feliz coincidência. Numa delas, ao fantástico entrevistador Carlos Vaz Marques (que tem um dos mais interessantes programas de rádio de sempre – Pessoal e Transmissível), fui a dada altura consultada sobre se me tinha escapado algum autor; e, embora a pergunta tivesse que ver com os escritores que, por várias razões, já não publicavam comigo, entendi que se referia a jovens escritores que não tinham sido lançados por mim e respondi que, por exemplo, me tinha escapado David Machado, autor que apreciava bastante e era então editado pela Presença. Pois bem: o meu mau entendimento deu frutos, porque, em mais uma feliz coincidência, David Machado estava a ouvir a entrevista e, ao escutar o seu nome, agradeceu-me através do Facebook e veio mais tarde ter comigo para me apresentar o romance que tinha terminado havia pouco, o que me deixou verdadeiramente exultante. Em breve, falarei desta obra imperdível, de seu nome Deixem Falar as Pedras, disponível no próximo mês de Março. Hoje é só para dizer que às vezes pela boca vive o peixe.