Pobres autores
Não me canso de dizer que a edição já não é o que era – e que, se nos velhos tempos era em torno do autor que tudo girava, agora parece ser o leitor quem dita as regras do jogo. Fui, aliás, surpreendida um dia destes por uma notícia que me fez pensar que os escritores foram irremediavelmente atirados para segundo plano. Rezava o texto que a autora norte-americana de The Vampire Diaries (colecção de livros e série de TV de enorme sucesso), de seu nome L. J. Smith, acaba de ser despedida pela editora Harper Collins, que é dona dos direitos de autor da saga. Parece que os seus últimos livros se afastaram bastante da ideia original da colecção e, ainda que os espectadores de TV não tenham dado por isso, a editora mandou a senhora embora e comunicou que a série vai ser prosseguida por outra autora. Ou seja, o que importa são as personagens e os seus conflitos, e não quem os criou e escreveu (e, se Smith tinha um estilo de escrita distinto da sua sucessora, isso não parece afligir ninguém). Mas o mais estranho é que a vítima de despedimento pede, na sua página de Internet, aos leitores da saga que não boicotem a editora e continuem a ler as aventuras dos vampiros que inventou. Ou recebeu uma choruda indemnização para ficar quieta, ou realmente um autor já não é senão uma peça facilmente substituível da engrenagem.