Mulheres escritoras
Por causa de um artigo publicado no suplemento literário do Público sobre jovens narradores, criou-se uma polémica no Facebook quando a jornalista Raquel Ribeiro perguntou porque eram estes quase todos do sexo masculino. Muitos dos intervenientes defenderam que, na verdade, não são, mas que a comunicação social é, de algum modo, machista e só dá destaque a escritores homens; houve um escritor homem que pediu então licença para intervir no meio de tantas mulheres e disse que os editores têm muita culpa – porque, como há muito mais mulheres do que homens a ler, promovem melhor os livros de autores masculinos a pensar nos «consumidores». Todos terão alguma razão, embora eu, como editora, não faça nada disso; e a verdade é que recebo dezenas de originais todos os meses para avaliar mas, lamentavelmente, só dez por cento são escritos por mulheres. Em tempos, disse à mesma jornalista Raquel Ribeiro que achava que isso podia acontecer porque as mulheres, lendo mais, são mais exigentes com o texto e não se aventuram a escrever qualquer coisa (como muitos dos aspirantes a escritores que me mandam livros para avaliação); mas uma das leitoras dessa entrevista afiançou num blogue que, apesar de os tempos estarem decididamente a mudar, as mulheres ainda têm uma vida muito ocupada com a criação dos filhos e a organização doméstica, pelo que não lhes sobra grande tempo para se dedicarem à escrita, inclusivamente quando, como era o caso, gostariam de o fazer. É provável que, mesmo existindo ainda preconceito de género, esta seja mesmo a principal razão.