Um blogue agora?
No tempo em que apareceram os telemóveis, fui aquilo a que se pode chamar uma resistente; não que tivesse alguma coisa contra as novas tecnologias (já ninguém vive, claro, sem certas comodidades), mas a verdade é que nunca gostei de falar ao telefone – e muito menos de me ver obrigada a ter conversas privadas diante de outras pessoas. Acabei, no entanto, por me render à evidência de que era bastante confortável comunicar de qualquer lado para qualquer lado e estar, enfim, localizável, sobretudo pelos mais próximos, que precisam, ou gostam (mas que mal tem?), de saber onde andamos. Não me arrependi, e nunca me tornei uma dependente. Com os blogues, passou-se mais ou menos o mesmo: parecia-me que não tinha grande coisa que partilhar com o mundo (e se calhar não tenho) e sentia preguiça de alimentar, diariamente ou quase, como se fosse à colher, uma criatura minha. Recentemente, porém, descobri que lia mais blogues do que jornais para me manter informada e concluí que esta podia ser uma forma simpática e eficaz de estar com aqueles com quem tenho mais afinidades e que são – amigos ou não – os que gostam de ler. Daí ter decidido criar este blogue.