Calinadas imaginativas
Um dia destes, ao falar com uma médica, apercebi-me dos problemas que as pessoas analfabetas – ou quase analfabetas – têm para compreender ou reproduzir palavras ou expressões que se prendem com a saúde (e não só). Já sabia, por exemplo, que muita gente crê que deve medir a atenção com regularidade para prevenir enfartes e tromboses e que agora está na moda as parturientes pedirem uma pipidural, de forma a não gritarem de dores com a dilatação; mas ainda não tinha ouvido que há pessoas que sofrem de úrsulas no estômago, que morrem de homilias pulmonares e que as gravidezes utópicas quase sempre (pois claro) acabam mal. Contou-me ainda a médica que os filhos de uma sua paciente terminal, perante a morte iminente da progenitora, lhe revelaram que esta tinha manifestado o desejo de ser cromada; e que, por existirem alguns problemas de identidade com um homem que deu entrada no banco do hospital, este referiu que tudo se resolveria em breve, pois recentemente tinha passado a afectivo no emprego e já metera os papéis para ser neutralizado português...