Autores para sempre
Nenhum editor pode esconder o prazer que sente quando um autor que lançou em primeira mão, muitas vezes ainda jovem, é reconhecido pelo público e pelos seus pares, recebe um prémio de vulto e evolui a cada livro que publica. Pela parte que me toca, assisto sempre com incontido orgulho às sessões em que participam esses escritores que ajudei a dar a conhecer e, quando eles se destacam com as suas intervenções ou a crítica abençoa os seus livros, não consigo ver apenas de fora, mesmo que eles já não sejam publicados por nenhuma das chancelas para as quais trabalho. Recentemente, valter hugo mãe esteve no Brasil na Festa Literária de Paraty – foi, na verdade, o único escritor português convidado este ano – e, segundo li no Jornal do Brasil e no Público Online, foi aplaudido de pé e deixou a audiência de lágrima ao canto do olho com um texto seu. Pois bem: ao ler a notícia, comovi-me eu também, cheia de pena de não ter estado lá para assistir à ovação que certamente mereceu. E, quiçá estupidamente, senti-me através dele realizada, com a sensação de que, quando publiquei o belíssimo o nosso reino, que é o seu primeiro romance – e que na altura em que saiu tão pouco eco teve –, fiz provavelmente uma das coisas mais importantes da minha vida profissional. Com o valter como com outros, autor uma vez, autor para sempre.