Uma gaffe (ou talvez não)
Já aqui disse que, apesar de Agosto em Portugal ser aquele mês em que não acontece praticamente nada, nas minhas férias tomei conhecimento de que a Porto Editora assinara um «protocolo de colaboração» (a expressão não é minha) com a Assírio e Alvim, envolvendo edição e distribuição. Embora a assimilação de editoras independentes por grandes grupos já não seja novidade para ninguém, fiquei surpreendida com a notícia, pois ainda não me esqueci de uma entrevista de Vasco Teixeira (o «patrão» da Porto Editora) ao jornal Público no ano passado em que este dizia que daqui a dez anos não se editariam livros de poesia em Portugal, pois era um género que só vendia trinta ou quarenta exemplares... É bom saber que mudou de opinião entretanto, pois a Assírio e Alvim foi sempre uma editora essencialmente de poesia e a promessa de que manterá total autonomia na escolha do programa faz-me pensar que não deixará de o ser. E, mesmo com algumas reticências, estou disposta a acreditar que este «negócio» pode ser a salvação da Assírio e Alvim (que de outro modo talvez não conseguisse sobreviver) mais do que a sua condenação. O Jornal de Letras, porém, parece não estar tão convencido disso e teve um deslize bastante engraçado ao redigir a notícia na semana passada, avançando que foi assinado entre as duas editoras «um protocolo para as áreas de edição e destruição». Oxalá seja só uma gralha, e não o subconsciente a falar...