Leitores
Quando fui a Cuba no início dos anos 90, levaram-me a uma fábrica de charutos em Trinidad, cidade belíssima, onde alguém me contou que em tempos os operários contavam com a ajuda de um funcionário que lhes lia romances enquanto trabalhavam. Também na Europa de Leste, em alguns países, era prática comum ler-se para os trabalhadores fabris, não sei se para os ilustrar, se para os entreter. Contudo, O Leitor de que hoje falo é um dos protagonistas do bonito livro de Bernard Schlink: um adolescente que se inicia sexualmente com uma mulher bastante mais velha, com quem mantém um ritual de banhos e leituras, descobrindo, muito mais tarde, que ela foi guarda num campo de concentração nazi. O romance já deu um belo filme – o que ajudou seguramente a que muitos comprassem o livro –, mas aqui fica mais uma chamada de atenção para um pequeno romance fascinante, traduzido em cerca de quarenta línguas.