A arte e a vida
A Fundação Calouste Gulbenkian tem um programa de Desenvolvimento Humano, no qual se insere o Partis – Práticas Artísticas para a Inclusão Social, que visa ocupar através da arte pessoas normalmente marginalizadas e integrá-las socialmente. Ao que diz a responsável pelo programa, está provado «que a arte tem mesmo um efeito de causalidade na alteração de comportamentos», e daí que um certo tipo de pessoas – desde crianças exageradamente irrequietas até jovens institucionalizados – beneficie claramente da integração em projectos de índole artística, sejam teatro, música, cinema, sejam fotografia, pintura e até o circo. Para isso, a Fundação aplica anualmente gordas verbas que entrega a entidades culturais ou instituições sociais que, assim, se tornam parceiras do projecto, exigindo -lhes que se ocupem não de simples actividades de tempos livres, mas de programas de excelência que sejam acompanhados ao longo do tempo e ajudem de facto a integrar os desintegrados. Uma bela ideia que se materializa anualmente em espectáculos, filmes e exposições nos palcos e galerias da Fundação, onde os improváveis artistas mostram, afinal, o que aprenderam e o bem que isso lhes fez. Este ano calhou a vez, entre outros, a crianças de bairros problemáticos de Loures e a jovens internados em centros do Ministério da Justiça. Pode ser que um dia também a literatura seja usada no Partis.