A escola ganha
Sou bastante antiga, como já devem saber, e tenho um irmão apenas ano e meio mais velho do que eu. Falo disto porque, no nosso tempo de estudantes, nos anos 1960, o meu irmão fez parte desse projecto-piloto que foi a Tele-Escola e, concluída a instrução primária, completou assim os dois anos do então Ciclo Preparatório. Estava num colégio em que viam as aulas pela televisão e a seguir um professor ajudava a tirar dúvidas e a corrigir exercícios. Nem sei se era sempre o mesmo, se havia vários, do que me lembro muito bem era de assistir às aulas de Francês em nossa casa pela televisão, e o professor, de fato completo e muito aprumadinho, ter um ponteiro e, apontando para a câmara, dizer amiúde: Répétez! E eu lá repetia, que era para aprender tudo ao mesmo tempo que o meu irmão... Para quem tenha dúvidas sobre o sucesso da coisa, o meu irmão foi depois para o Liceu Camões e nunca mais saiu do quadro de honra, teve 20 a História e Filosofia nos últimos anos e tornou-se professor universitário, o que ainda é. Por isso, sou daquelas pessoas que acho que às vezes o ensino à distância é muito positivo (mesmo não apreciando o teletrabalho) e tem melhores resultados do que uma turma barulhenta ou com um professor mal preparado. Talvez por isso, deu-me muito gozo uma notícia que li ontem: a Tele-Escola, na RTP Memória, bateu todos os recordes de audiência e destronou a Correio da Manhã TV! Que felicidade!
Hoje sugiro Rabos de Lagartixa, de Juan Marsé, um enormíssimo romancista autodidacta (se não me engano era ourives), muito apreciado pelo nosso Lobo Antunes. Tem muitos outros livros bons, mas o que refiro é o meu preferido.