A Grande Guerra
Vem aí o Centenário da Primeira Guerra Mundial e prevêem-se comemorações de peso em todo o mundo. Os nossos jornais já começaram, de resto, a fazer reportagens sobre a participação dos militares portugueses na Flandres, onde muitos acabaram mortos e gaseados depois da tragédia que foi a batalha de La Lys, e também em Angola e Moçambique, onde estacionaram tropas portuguesas durante um dos mais sangrentos e mortíferos conflitos da História da Europa. Aparecerão, estou certa, muitos livros sobre a matéria – de ficção e não ficção –, mas nunca é demais lembrar os que publiquei aqui na LeYa que, de uma maneira ou de outra, se debruçavam sobre a guerra de 1914-1918. O primeiro foi finalista do Prémio LeYa, escreveu-o Cristina Drios, e gira à volta de um estranho soldado português, avô da narradora (Os Olhos de Tirésias). O segundo (A Segunda Morte de Anna Karénina), embora fale sobretudo de um casal desavindo nos princípios do século XX, marido e mulher actores de teatro, reproduz uma interessante correspondência entre dois jovens portugueses, um dos quais se alistou no Corpo Expedicionário Português para fugir a uma relação ilícita, acabando por perder a vida. Nestes dois romances, é importante salientar que a descrição da guerra de trincheiras é notável pelo rigor informativo, dando uma ideia muito verosímil do que foram os horrores da Grande Guerra.