A grande senhora
A grande Maria Teresa Horta, a única ainda viva das três autoras de Novas Cartas Portuguesas, foi considerada este ano pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo. É fantástico ver o nome desta escritora portuguesa entre muitos outros, de activistas, cientistas ou artistas de diversos países, como o de Nadia Murad ou Sharon Stone. Talvez, claro, a biografia exaustiva da autoria de Patrícia Reis tenha servido de lembrete (e parabéns à Patrícia por isso), mas ninguém pode negar a importância desta autora de poesia e romance, com uma série de livros premiados, e sobretudo uma das mais conhecidas feministas portuguesas, extremamente activa quando o feminismo era ainda mais necessário do que hoje, pois era um tempo em que, entre outras coisas tremendas, as mulheres não podiam abrir contas bancárias nem viajar sem licença dos maridos. Elogiadas por Simone De Beauvoir, Marguerite Duras, Iris Murdoch ou Doris Lessing, as Novas Cartas Portuguesas e o processo a elas associado instigaram vários protestos em todo o mundo, foram considerados a primeira causa feminista internacional e contribuíram para o despertar de muitas consciências. A estação pública inglesa, ao incluir Maria Teresa Horta entre as personalidades femininas do ano, faz justiça; e a Cecília Andrade, a minha colega que a publica há muitos anos na Dom Quixote, está também de parabéns!