Analfabetos para sempre?
Um estudo recente apresentado na semana passada na Fundação Calouste Gulbenkian sobre as Práticas Culturais dos Portugueses, baseado em inquéritos realizados pelo Instituto de Ciências Sociais e financiado pela Fundação, fez-me corar de vergonha e preocupar-me muito com o futuro da nação. Nada de que eu não suspeitasse, é verdade, mas mesmo assim os dados são assustadores: 61% dos Portugueses não leram um único livro em 2020 e 27% leram apenas, num ano inteiro, um a cinco livros. (Em Espanha, por exemplo, as pessoas que não leram um único livro são bastante menos: 38%.) Pois bem, José Machado Pais, o investigador que lidera o estudo com Pedro Magalhães e Miguel Lobo Antunes, confessa o desânimo, explicando que o consumo de livros leva ao consumo de outras formas de cultura, pelo que é fulcral o incentivo à leitura desde tenra idade, em casa, na escola e através dos meio de comunicação. Aliás, a maioria dos leitores confessa que a influência das respectivas famílias foi determinante para o acto de ler.Também lêem menos os que são mais velhos (sem escolaridade, provavelmente) e os mais pobres, que são os que consomem, regra geral, menos cultura em todas as suas formas. Os mais jovens estão demasiado ligados à Internet, há muito mais gente a ver TV do que a ouvir rádio (sobretudo em pandemia), só 28% dos Portugueses frequentam museus e os que ouvem música erudita, vão à ópera ou assistem a espectáculos de dança são 6%. Deus meu, aonde vamos parar? Não chegou o analfabetismo imposto da outra senhora? Vamos ser sempre um país analfabeto, com pessoas como aquela Georgina que vive com o Cristiano Ronaldo e não quer livros em casas porque criam pó? O estudo está publicado e vale a pena perceber os números em causa, mas enquanto não lhe chegarem as mãos, aqui está o link do artigo da CNN. Um susto.