Aprender
Li uma entrevista muito interessante no The Guardian a Isabella Rossellini sobre as maravilhas do envelhecimento («mais gordos mas mais livres», diz ela), entre as quais a actriz destaca o tempo (que, quando trabalhava como modelo, não tinha) e o poder aprender e estudar assuntos que lhe interessam, como, por exemplo, tratar de animais (e não são cãezinhos, mas vacas, galinhas, porcos, pois gere uma quinta e põe a mão na massa). Embora se diga que burros velhos não aprendem línguas, eu gosto de contrapor o «aprender até morrer», sendo a aprendizagem das coisas mais compensadoras e lindas que alguma vez experimentei. E aprendi no mural de um amigo facebookiano a história da primeira poetisa afro-americana a publicar um livro nos EUA, que não conhecia: uma escrava senegalesa chamada Phillis Wheatley (Phillis era o nome do barco que a levou à América, Wheatley o do comerciante que a comprou). Phillis começou a escrever poemas aos treze anos naquela língua que não era a sua e, com vinte anos, como achavam que ela era uma impostora, levaram-na perante uma série de magistrados: mas, além de ter ficado provado que os seus poemas não eram plagiados, ela ainda recitou Virgílio, Milton e passagens da Bíblia, impressionando os dezoito homens de toga e cabeleira: era escrava, negra, mulher, mas... poetisa. Ter aprendido a ler salvou-a mais tarde da escravatura.