Aprender até morrer
Os livros sobre a Segunda Guerra Mundial nunca passaram de moda, por mais que tenham decorrido setenta e tal anos sobre o seu fim. Sobretudo nos países ocupados, a literatura sobre o assunto foi prolífica e de todos os tipos, de tal modo que até se permitiram livros muito fantasiosos e de teor romântico e meloso à custa da tragédia. Mas, ainda que a literatura sobre o assunto seja realmente variada e numerosa, há sempre coisas que não chegam aos leitores, e confesso a minha ignorância sobre o facto de na Dinamarca só uma pequena parcela de judeus ter sido afectada pela perseguição nazi e levada para um campo de concentração. Falo de 500 pessoas, mais coisa menos coisa, das quais, ao que sei, só 125 não regressaram de Theresienstadt no final da guerra. A razão? Pois bem: em primeiro lugar, o rei tinha ascendência germânica, o que lhe permitiu saber do tratamento desumano que estava a ser dado aos judeus noutros países com antecedência, levando então os judeus dinamarqueses para a Suécia, que era um país neutro. Mas houve mais: os judeus dinamarqueses nunca foram obrigados a usar a estrela amarela identificadora, porque o rei alegou que estavam protegidos pela constituição da Dinamarca e que, se a ordem fosse dada, ele próprio e a sua rainha, bem como todo o povo, também a usariam. Então, os nazis meteram o rabinho entre as pernas e a exigência nunca chegou a ser feita. Partilho a história porque penso que nunca precisámos de tantos exemplos de coragem deste tipo como hoje.