As redes
Este ano, no âmbito da organização de um evento, pedi vídeos a autores lendo textos seus. Fiquei surpreendida quando muitos disseram que apenas concordariam se a exibição dos vídeos se restringisse àquele evento específico e esses não fossem partilhados, nem sequer em páginas de promoção da actividade. Já muita gente prefere não estar nas redes ou na Internet e recusa deixar por aí o seu rasto. Uma das autoras explicou muito claramente que, por causa de um vídeo que foi deixado a circular livremente e apareceu numa rede social, já recebeu mensagens desagradáveis e teve dissabores. Estar presente nas redes também pode ser estar enredado, não poder sair. Se eu chamar um nome a alguém numa sala em que não há mais ninguém, é menos problemático e envolve menos humilhação do que se insultar alguém diante de mais pessoas ou mesmo de uma multidão. Numa série britânica de que toda a gente fala neste momento, Adolescência, este problema é muito visível. E, embora o meu blogue seja sobre livros, não posso deixar de aconselhar a série que, além de ser um primor de realização, vem confirmar muita coisa que ando aqui a dizer há séculos sobre jovens e redes sociais.