As sequelas
No meu tempo, «sequelas» eram efeitos ou consequências (marcas de uma doença, por exemplo), mas hoje o termo é usado a torto e a direito para designar a continuação (o seguimento, a sequência) de uma obra literária ou cinematográfica; e, a reboque, até se inventou o termo «prequela» quando o livro ou filme é sobre um período anterior ao tratado na obra original. Enfim, parece que as prequelas e sequelas estão na moda – e o mais estranho é que, no caso das escritas, até podem ser narradas e compostas por outros autores que não os legítimos, ou seja, os que criaram o enredo principal e as personagens. No entanto, que peso terá a questão do estilo contra o perigo de se interromper a saída e venda de um bom produto?… Veja-se, por exemplo, a série sueca Millenium, que não deixou de ser publicada depois de o autor ter morrido e vai certamente continuar a alimentar filmes suecos e americanos. Veja-se também a ideia de recriar Orgulho e Preconceito com zombies (sim, não estou a brincar) ou contratar um novo escritor para seguir com as aventuras de… Bond, James Bond. Os casos não param: desde Os Crimes do Monograma de Agatha Christie (mas escritos por Sophie Hannah) até ao Peter Pan e ao Drácula de Bram Stoker, passando pela sequência de E Tudo o Vento Levou e as aventuras de Winnie de Pooh, há de tudo, e os herdeiros dos criadores, pelos vistos, nem se importam muito.