Assinar
Uma assinatura é uma marca de autoria, e em pintura, pelos vistos, vale dinheiro... Vi uma vez uma cena lamentável, em que um conhecido pintor português vendeu na inauguração de uma exposição um quadro original a uma pessoa que, na sequência da compra, lhe pediu que assinasse, já agora, também o catálogo. E o pintor recusou-se, alegando que a sua assinatura não era de graça... (Ainda bem que nunca gostei dos quadros desse homem.) É bem certo que há também muita gente que assina por baixo do que não escreveu mas com que concorda (petições há-as em grande número e eu já assinei várias); e eu até já me aborreci com um chefe que me pediu para responder a um questionário de um jornal mas queria ser ele a assinar as respostas, o que não permiti, ainda por cima porque nem sequer pensávamos da mesma maneira sobre aquele assunto. Também verifico com frequência, sobretudo em alguma imprensa regional, mas não só, que os textos que aparecem nas contracapas dos livros que publico (e que conheço muito bem) são reproduzidos na íntegra, sem aspas, nas páginas de crítica de livros assinadas por vários «jornalistas», ou aparecem com alterações mínimas (cortam um adjectivo, arranjam um sinónimo) numa secção chamada «As escolhas de...». Não seria, enfim, altura de se ganhar pelo que se escreve, e não pelo que se cita? Ou, pelo menos, de se indicar a fonte?