Até a estupidez tem limites
Tenho lido muito sobre o que se passa no país vizinho em matéria de tomada de decisões ligadas à cultura e à educação e vejo o sistema em constante desmoronamento. Uns quantos seres supostamente pensantes e com poder têm, efectivamente, aplicado ideias inenarráveis, algumas mesmo estúpidas, mas esta última, de que tomei conhecimento por uma das fantásticas crónicas de Arturo Pérez-Reverte, passou dos limites: deixa de ser possível aprender latim e grego no Ensino Secundário. Como? Mas terei lido bem? Será que a luminária que decretou esta mudança se esqueceu de que o castelhano vem do latim e que tem, como o português, milhares de palavras oriundas do grego? Será que não sabe que a literatura ocidental começou na Grécia, que é também o berço da democracia, entre outras coisas? Estará a querer impedir os jovens de mais tarde frequentarem cursos de Estudos Clássicos? Acha-os demasiado imaturos, ou insuficientemente vivos, para estudarem línguas mortas? Não consigo encontrar uma explicação, a não ser a estupidez pura e dura. Para Pérez-Reverte é o «extermínio» do «código que permite interpretar o mundo em que vivemos». Mas leiam o artigo, que vale a pena. «Menos latim e mais imbecis».
https://www.xlsemanal.com/firmas/20200712/perez-reverte-mas-latin-menos-imbeciles.html