Aulas gravadas
Leio tanta coisa em tanto sítio que depois perco o norte e já não consigo recuperar as fontes. No entanto, a referência nem é muito importante para o caso. A história tinha que ver com alunos de todo o mundo, mas especialmente de países em que o sacrifício financeiro para tirarem um bom curso é maior, que puseram um processo a uma universidade americana porque, depois de terem pago um valor altíssimo para frequentarem aulas de professores bons e famosos, descobriram que o que a universidade lhes dava não eram aulas ao vivo com esses craques, mas meras gravações. Um escândalo, segundo eles, porque desta forma não podem de modo nenhum interagir com o professor, são meros receptores de conteúdos... e, para isso, tinham ficado nos seus países a assistir pelo computador. Têm razão, evidentemente, e espero que ganhem o processo que instauraram pois, com uma mera gravação, a universidade pode estar a ganhar todos os anos propinas de muitos alunos que vão ao engano. Isto suscitou-me, porém, uma outra questão: o meu irmão mais velho é formado em Direito e teve professores que, embora em aulas presenciais, nada mais faziam do que ler as suas sebentas, iguaizinhas há anos. A minha sobrinha mais velha, que tirou o mesmo curso, passou pelo mesmo e até me contou que havia à venda gravações dessas aulas em pens, porque eram todos os anos iguais. E que ninguém abria o bico para interpelar o professor, que tinha como objectivo apenas despejar a matéria da sua sebenta. Fará assim tanta diferença, em alguns casos, tratar-se de uma aula filmada e gravada? Talvez não. Mas é um abuso trocar uma pessoa por um filme.