Balanço egoísta
Quando olho para trás, tenho a tentação de dizer que este foi o ano das selfies. A palavra entrou no nosso vocabulário à velocidade da luz e, suponho, já não sairá. Todos os famosos fizeram selfies, mesmo na cerimónia dos Óscares, e a moda pegou de tal maneira que dei comigo a perguntar se não é mais um sintoma da falta de atenção que damos ao outro e da egolatria da actualidade. Até porque descubro uma notícia de arrepiar os cabelos sobre uma holandesa que inventou um brinquedo para bebés de berço que, quando estes lhe tocam, lhes permite tirar selfies ou filmar pequenos vídeos que são automaticamente reproduzidos nas redes sociais. O New Born Fame – assim se chama a coisa – foi desenvolvido por uma holandesa, está disfarçado de peluche, mas é na verdade um brinquedo tecnológico com a forma do logo do Facebook e do passarinho do Twitter (ai, meus Deus!). Parece que 62 por cento das mães de crianças menores de três anos têm conta no Facebook e que, dessas, mais de 90 por cento publicam as fotografias dos seus rebentos; mesmo assim, parece-me uma tolice de todo o tamanho esta forma de captar imagens e ainda mais tolo meter a fama no nome do brinquedo. Enfim, não quero ser bota-de-elástico, mas às vezes penso que o mundo está mesmo perdido.